
UM OLHAR OUTRO
7 de Agosto de 2022
Como
vamos de Sínodo?
Esta
pergunta interpelativa, já várias vezes repetida, merece ser acolhida por todos
os fiéis da Igreja. De facto, uns meses depois, urge parar para pensar: como
tem decorrido a caminhada sinodal e até que ponto se têm conseguido os objectivos
que o papa propôs para toda a Igreja? A pergunta só adquire o seu sentido mais
profundo quando a localizamos e nela nos implicamos. Como vamos então de Sínodo
na nossa Paróquia.
Como
primeiro responsável devo louvar o Senhor pelas três ou quatro dezenas que ao
menos começaram a caminhar juntas. Mais ainda por aquelas que se têm mantido,
sem desistência, convictas, agora por experiência, que a escuta não é fácil mas
é o caminho que se impõe aos cristãos de hoje, desejosos também de encontrar
novas vias de corresponsabilidade na Igreja que é de todos. Claro que não deixo
de lamentar não ter conseguido um empenho bem maior de todos, particularmente
dos diversos grupos e confrarias, como, a dado momento, sonhei e insisti para
que fôssemos capazes de empenhar também os afastados da prática religiosa.
Da minha
própria experiência, retenho que nós, os sacerdotes, temos igual dificuldade em
agir sinodalmente como os leigos que connosco colaboram. É difícil sair de um
registo humano, ideologicamente marcado, com interesses e importâncias próprias,
reivindicando postos e/ou cargos que nos permitem visibilidade. Pergunto-me
muitas vezes se as nossas reuniões, mesmo que começadas e terminadas com oração,
se diferenciam muito das reuniões de empresas, de autarquias ou de outras
associações.
Estamos
todos marcados por uma cultura que não sabe escutar, muito menos cultiva o
silêncio, e as decisões raramente são tomadas depois de um processo de escuta
que procura evitar preconceitos. Logo, quando se sai de uma reunião, quase
todos saem como entraram, «cada um com a sua».
A
intuição do Papa Francisco é, na minha opinião, a melhor e mais urgente
resposta para esta Igreja «em crise». Será que já nos apercebemos disto? Que
bom seria compreendermos que todas as decisões na Igreja e nas suas instituições,
a começar pelas paróquias, confrarias e grupos, devem seguir o caminho sinodal:
todos à escuta uns dos outros para discernirmos o que o Espírito Santo quer de
todos.
Estamos a
chegar ao termo de um processo «nas bases». Pedem-nos que, em Abril, se faça
chegar à equipa diocesana do Sínodo, o fruto da caminhada sinodal nas
paróquias. Assim o faremos.
Entretanto,
nós, os padres, recebemos uma carta do Secretário Geral do Sínodo, Cardeal
Grech, e do Prefeito da Congregação do Clero, Lazzaro SIK, que se dirigem aos padres,
certamente para neles renovar o entusiasmo pelo Sínodo, face às reconhecidas
dificuldades, entre elas a de alguns poderem pensar que, tratando-se de
valorizar o baptismo e a igualdade fundamental de todos os fiéis na Igreja, o
lugar do padre possa estar ameaçado. Sabemos que pode ser um perigo, a juntar à
«grande carga pastoral» que se tem e a que se vem juntar mais esta, a de se pôr
e colocar os outros em Sínodo. Recordam-nos eles que «no primeiro milénio, ‘caminhar
juntos, isto é praticar a sinodalidade, era o modo usual de proceder da
Igreja». E recorda o objectivo do Papa: «mostrar o verdadeiro rosto da Igreja:
uma ‘casa’ hospitaleira de portas abertas, habitada pelo Senhor e animada por
relações fraternas».
E
convidam-nos a evitar o formalismo, o intelectualismo e a inação, «para que
nada mude».
Esta é a
Hora. A nossa Hora. A Hora de todos. A Hora da Igreja. SEJAMOS SINODAIS.
P.
Abílio Cardoso
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