UM OLHAR OUTRO

24 de Abril de 2022

Aconteceu Páscoa. Uma vez mais.

Num olhar redutor, próprio da nossa cultura, que se fica pela superficialidade, o Compasso Pascal tornou-se o centro de notícias. A partir do momento em que os bispos portugueses determinaram que, sendo possível a Visita Pascal, não era autorizado beijar a cruz, gesto de profundo significado nas tradições sobretudo a norte do país, haver ou não haver Compasso e, em caso afirmativo, entrar nas casas ou ficar à porta ou mesmo na rua, tornou-se a questão.

O mais fácil tornou-se para mim evidente: dizer sim ao compasso e repetir o que é bem conhecido (organizar as equipas, repetir itinerários e deixar acontecer). Ou dizer não, com algumas justificações mais ou menos consistentes. Preferi aguardar e decidir apenas uma semana antes. E porquê?

No meu íntimo estava esta razão: com o sim imediato, ficaria apenas a repetição do passado, sem nada de novo a ficar para o futuro; com o não imediato, criaria apenas má vontade em alguns, cujas razões merecem ser consideradas. O tempo da indecisão seria, como foi, de ponderação em vista de algo de novo. Passado o dia, pergunta-se se o que se passou valeu a pena ou não, se deixou ou não algo de novo para o futuro.

Na minha apreciação - sem esquecer que esta rubrica se intitula Um Olhar Outro - valeu a pena pelo interesse que os diversos moradores puseram no tom festivo que quiseram dar ao dia de Páscoa. E numa cidade em que urge promover as boas vizinhanças, levando-as a dar as mãos e fazer festa - o motivo não pode ser mais agregador - o que vimos e experimentamos deixa-nos alguma coisa de novo para termos em conta no futuro.

Certamente que todos esperamos e desejamos ver abolidas todas as restrições devidas à pandemia. E que, portanto, no próximo ano, o Compasso voltará à cidade para entrar em todas as casas que se lhe abrirem. Poderemos até criar mais equipas responsabilizando as vizinhanças, poderemos até criar novos dinamismos para despertar vizinhanças ainda «adormecidas», poderemos até desenvolver equipas de animação na rua enquanto o Compasso visita uma família, poderemos... apelar à imaginação para que a Páscoa seja vivida também na rua e não só em cada família ou nos templos. Como eu gostaria de receber sugestões que, sem desvirtuar o que é essencial no Compasso - uma equipa de cristãos, alegre e entusiasta, leva a cada família o anúncio de que Cristo venceu a morte - tornasse mais visível na cidade o «Dia que o Senhor fez».

Considero que, para tal ser possível e verdadeiro, todos os intervenientes, nas equipas de Compasso e mesmo nas Equipas de animação, deverão participar no Tríduo Pascal, que nos faz ir ao essencial. Porque é no «mergulhar na morte» que nasce o desejo mais profundo de uma «Vida Nova».

Apreciei, e agradeço, o cuidado dos diversos grupos de moradores em cuidar das cruzes espalhadas pela cidade, que se tornaram o centro à volta do qual se celebrou na rua a Páscoa do Senhor. Algo, portanto, a dar continuidade no futuro. E fico à espera de receber, pessoalmente, ou por outros meios de comunicação, sugestões para valorizarmos todo o tempo da Quaresma, bem como o domingo de Ramos e o Tríduo Pascal. Sem esquecermos que já é tempo de darmos maior conteúdo aos 50 dias de Páscoa, que a estendem até ao Pentecostes. Surjam novas iniciativas com novos colaboradores: pensemos sinodalmente para agirmos todos em conjunto.

P. Abílio Cardoso

Publicado em 2022-04-27

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