
UM OLHAR OUTRO
7 de Agosto de 2022
No meio
de tantas imagens trágicas, de tantas notícias do dia a dia de uma guerra às
portas da Europa, de imensos programas de análise e comentário, que relegam
para segundo lugar quaisquer outros acontecimentos relevantes, interrogo-me
sobre a atitude do Patriarca russo, Cirilo, «oficialmente» apoiante da invasão russa
e «protector» de Putin. Como é possível um líder religioso estar tão «agarrado»
a uma conceção de poder autocrático e abençoar uma guerra.
É neste
contexto que estremeci com a «justificação» que os nossos media evitaram
repetir e comentar: salvar o Ocidente da perversão em que caiu, desviando-se
dos verdadeiros valores ditos ocidentais.
Que é
verdade que a Europa de hoje se tem desviado da rota traçada pelos pais
fundadores, profundamente enraizados nos valores do cristianismo, ninguém já
duvida. Até porque, pasme-se mas não se estranhe, a nossa cultura está cada vez
mais «vacinada» contra tudo aquilo que tenha a marca da cruz.
Mas, que
valores são esses ditos próprios do Ocidente? E de onde vêm ou qual o seu
fundamento? Eles arrancam, de facto, de uma civilização cristã, hoje posta em causa
e até olhada como prejuizo e causa de «atraso». Eis-nos diante de uma
perniciosa mentira, só contestada por alguns corajosos, que os media ignoram.
Acabo de
ler um artigo sobre este assunto: Riccardo Cascioli, em Nuova Bussola
Quotidiana de 14 de abril passado, interroga-se: «Quando falamos de Ocidente, entendemos
a civilização cristã que lhe deu origem, com todos os valores a ela associados:
a ordem natural, o valor da pessoa, o carácter sagrado da vida». E acrescenta
que não são esses os valores que o Ocidente defende hoje mas valores de sentido
contrário, ou anti-valores. E cita-os: terceiro-mundismo, indigenismo, ideologia
de género e aborto. Na mesma linha de outro artigo, este da autoria de Stefano
Montana, que afirma: «O Ocidente é uma civilização em que o cristianismo
sintetizou
e purificou a filosofia grega e o direito romano». E aponta as consequências
concretas: o reconhecimento de um Deus criador, para quem o mundo inteiro é uma
criação, com o homem em primeiro lugar, um homem que é responsável diante de
Deus por tudo o que o rodeia.
Ora, o
que vemos, diz Casciolli, apoiando-se em Fontana, o que vemos é a rejeição do
cristianismo, num «processo que dura há séculos, mas que chegou, sem dúvida, à
maturidade nas últimas décadas». E acrescenta: «Trata-se de uma leitura da
história em que todos os males são fruto da cultura ocidental e da civilização cristã
em particular. Hoje são muitas as correntes culturais e políticas que
interpretam este sentimento».
E dá
vários exemplos a comprovar o que afirma. Relevo apenas para a ideologia de
género e o aborto, a destruição da família, o indigenismo e o ecologismo
promovidos por governos e instâncias da ONU como negação da ordem natural.
Estes
autores classificam todas estas movimentações do Ocidente como ódio de si ou
rejeição da sua história e perguntam-se: como pode alguém que ama o Ocidente, enquanto
herdeiro da civilização cristã, do pensamento grego e do direito romano estar
de acordo com aqueles que usurparam o título de Ocidente?
O artigo
continua para revelar alguns dados preocupantes no que toca ao porquê desta
ajuda massiva à Ucrânia, sobretudo no que à promoção das mães de aluguer,
indústria fértil na Ucrânia, diz respeito.
P. Abílio Cardoso
Créditos: Foto - Pixabay
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