UM OLHAR OUTRO
17 de Setembro de 2023
Olho hoje
para a divulgação dos resultados dos Censos de 2021. Eles comprovam, na realeza
dos números, o que se adivinhava já: a população portuguesa vem diminuindo e
torna-se mais envelhecida.
No que
diz respeito à pergunta sobre a religião, de resposta livre, destaca-se que
responderam 97%, tendo-se declarado católicos 80.2% (eram 88% no censos de
2011).
Quando
passamos a analisar os números, há dados que nos devem fazer pensar. Assim, há
uma alteração sociológica da estrutura familiar: diversificam-se os agregados,
compostos agora por 2.5 pessoas por lar. Um milhão de pessoas vive em união de facto
e um terço tem dois filhos. Há mais famílias reconstruídas, mais divorciados e
mais mães sós com filhos. Diminui a população casada (41%), aumentando todos os
outros estados de vida (solteiros, divorciados e viúvos). E são mais as
mulheres separadas do que os homens. Os estrangeiros são 5,3% da população.
Eis-nos
diante do que a Igreja denuncia: o inverno demográfico. Entendamos o grito
repetido do Papa: precisamos de crianças.
Não há
dúvida de que as alterações havidas nas últimas décadas, no que diz respeito às
questões fraturantes, produzem efeitos no futuro. Para alguns, elas são
«inevitáveis» e lidas como progresso e até «libertação» da influência da
religião. O respeito pela liberdade religiosa limita-se, para muitos, sobretudo
marcados por ideologias de esquerda, a não interferir na esfera privada de cada
um. O que se dispensa: pudera! Na minha privacidade ou na minha consciência não
se permitem invasões. Mas o respeito pela liberdade religiosa implica não
precisar, individual e comunitariamente, de esconder o ser religioso que, supostamente,
todos os regimes políticos dizem respeitar.
Há neste
«progresso» uma camuflagem desastrosa: medem-se os avanços mas omitem-se os
prejuizos, alguns deles bem evidentes. Elemento comum é aquele que, na últimas
décadas tem sido denunciado pela Igreja: a desagregação das famílias, berço
natural do crescimento das gerações e referência primeira para uma cidadania
responsável. Ou não são evidentes os «estragos», sobretudo nas crianças, quando
se fala em violência doméstica, pedofilia, bullying e agressões nas escolas?
Numa tão
desafiadora e até perversa «reconstrução social», de permanente empenho pela
chamada ideologia de género, acontecem o que poderíamos chamar de aberrações se
tivermos em conta o que se convencionou chamar de valores do Ocidente, enraizados
no cristianismo que educa e propõe um modelo de sociedade em que todos os seres
humanos, iguais em dignidade, são chamados a uma convivência pacífica no
respeito das diferenças. Mão amiga fez-me chegar há dias uma denúncia dos
muitos desmandos da «engenharia social» em curso por este Ocidente, outrora
dito cristão. Escrevia ele mais uma Carta em que «não pode calar». Citando o
jornal ABC (Espanha), (edição digital de 26.XI.22):
«O
Governo de Espanha vai aprovar um projecto-lei que definirá 16 (DEZASSEIS!)
modelos de famílias», segundo revelou em exclusivo àquele diário espanhol, a
Ministra Dos “Direitos Sociais e Agenda 2030”, Ione Belarra. Que modelos esta
esclarecida Ministra vai impor a todos os espanhóis e que muito brevemente cá
vai chegar». E o articulista cansou-se ao contar até 10. Será que acordamos e
nos cansamos também de tanto «faz de conta» para nos lamentarmos depois diante
das consequências trágicas que se podem adivinhar?
Eis
alguns dos «modelos» da tal Ministra: Transnacional, Intercultural, Biparental,
Reconstituída, Retornada, Jovem, Monomarental, LGBT “homoparental” e “homomarental”,
Imigrante ... Teremos paciência para compreender as diferenças entre eles? E,
entretanto, admiramo-nos de que a Igreja, melhor, nós que a constituímos, seja
influenciada por esta cultura de morte e abra brechas no baluarte que sempre
foi na defesa de valores perenes!
17 de Setembro de 2023
27 de Agosto de 2023
3 de Setembro de 2023
10 de Setembro de 2023
20 de Agosto de 2023
6 de Agosto de 2023