Pe. João António Pinheiro Teixeira
A felicidade aumenta a produtividade
Em demasiados países do mundo, apesar de maravilhosas
legislações, a liberdade continua a ser posta em causa. Isto acontece não
apenas nos países comunistas, mas também em Portugal, na Índia e em vários
outros pontos do mundo.
Felizmente, as dificuldades que vivemos em Portugal não têm nada a ver com a perseguição típica dos regimes comunistas, mas, ocasionalmente, também entre nós vem ao de cima uma crueldade soviética que ultrapassa todos os limites da decência. É significativa a história dos dois rapazes de Famalicão que o Governo quer impedir de prosseguirem os estudos, porque os pais não aceitam submetê-los à iniciação ideológica e sexual que o Ministério da Educação lhes quer aplicar. Como é possível tanto fanatismo em Portugal?
O Prof. Mário Pinto (https://observador.pt/opiniao/em-defesa-da-familia-mesquita-guimaraes-martir-do-estado-educador-1/)
elencou e explicou em pormenor as leis que protegem a liberdade das famílias em
matérias ideológicas e éticas. A lista é impressionante: a Declaração Universal
dos Direitos Humanos (artigo 26º), a Convenção dos Direitos da Criança, também
vigente em Portugal, (artigo 5º, 7º, 18º), a Constituição da República
Portuguesa (artigos 1º, 2.º, 43º, 68.º, 74.º e 277.º) e o Código Civil (artigos
1877.º, 1878.º e 1886.º).
O estudo de Mário Pinto cita muito a propósito António
Barreto, que militou na juventude no Partido Comunista, foi Ministro de
Governos socialistas e se notabilizou, desde há muitos anos, como defensor da
liberdade. Escreve António Barreto acerca deste caso: «Ao abrigo dos melhores
sentimentos, estamos em pleno delírio de ideologia e propaganda, ou antes, de
manipulação e intoxicação. […] Sempre os déspotas sonham com a educação e a
formação das jovens gerações!» (jornal «Público» de 13-09-2020).
Como é possível um Governo levar o furor ideológico ao ponto
de querer aplicar penas tão cruéis a duas crianças, impedindo-as de estudar?!
Leis maravilhosas não faltam. Falta talvez que alguns
prefiram a coragem de cumprir leis justas à facilidade de obedecer a ordens
burocráticas. Infelizmente, há quem não perceba a diferença entre Direito e
burocracia. A palavra Direito merece ser escrita com maiúscula; a palavra
burocracia escreve-se com minúscula. A liberdade apoia-se no Direito; as
ditaduras vivem da obediência burocrática.
Em Karnataka, no Sul da Índia, o Governo regional prepara uma
perseguição aos cristãos com a desculpa de «evitar conversões forçadas». Os
cristãos são uma minoria tão pequena na região que é evidente que nunca houve
conversões forçadas. O Arcebispo católico Peter Machado convocou para hoje
(sexta-feira, 12 de Novembro) uma jornada de oração e jejum para que Deus os
proteja da ameaça. Em todas as igrejas da diocese, quem quiser vai ficar ao
longo do dia e da noite a rezar diante do Santíssimo Sacramento. A ameaça de
perseguição é tão concreta que os cristãos não católicos foram convidados a
juntar-se a este dia de oração e penitência e muitos aceitaram. É a segunda
vez, em pouco tempo, que os cristãos de Karnataka recorrem a uma jornada deste
tipo.
A Constituição da República da Índia reconhece a liberdade de
«professar, praticar e propagar» a religião, mas as palavras bonitas da lei são
ignoradas nos Estados de Odisha, Uttar Pradesh, Arunachal Pradesh,
Chhattisgarh, Gujarat, Jharkhand, Himachal Pradesh, Madhya Pradesh e
Uttrakhand. O Estado de Karnataka quer juntar-se ao grupo, que sonha com uma
Índia livre do cristianismo, uniformizada por uma religião hindu ao serviço da
política.
Convém esclarecer que os líderes hindus, tal como os líderes
muçulmanos e os de várias comunidades cristãs, têm grande estima pelos
católicos e pelo seu bispo —e estão a demonstrá-lo, mais uma vez, nas actuais
circunstâncias. O problema do Estado de Karnataka, como o de outras regiões da
Índia, não é um confronto de religiões, é a tentativa do poder político de
ocupar o lugar de Deus.
Mas a imitação é pouco convincente. Os fanáticos das
ideologias, sejam elas a teoria de género ou qualquer outra, são cruéis. Em
contrapartida, Deus ama-nos a todos com infinito respeito, perdoa sempre os
nossos pecados. A Ele vai a nossa oração pela liberdade.
José Maria C.S. André, In Correio dos Açores, 14.11.2021
A felicidade aumenta a produtividade
Carmen Garcia
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