
«O Estado Novo [ainda] não saiu de Portugal»
Mário Pinto, in Observador - 30 jul 2022
Foi noticiado que um grupo de ‘católicos’ (241) fez chegar à Conferência
Episcopal Portuguesa, reunida na passada semana, em Fátima, uma pretensão sobre
aquilo que, eles mesmos classificaram, de ‘investigação independente sobre os
crimes de abuso sexual na Igreja’. O assunto foi bem divulgado, desde a
comunicação social – ávida de sangue e de acusação contra tudo que cheire a
Igreja… católica – até às instâncias de proximidade aos bispos, com a
temorização em correio eletrónico a cada um… aliando o resto às pretensões de
deixar marca pela negativa.
1. Daquilo que nos foi dado conhecer surgem nessa lista de indignados –
talvez considerem que os números apurados não se adequam às suas pretensões
combativas – aparecem ‘figuras, figurinhas e figurões’, que se dizem (mais ou
menos) em comunhão católica: professores da UCP, alguns padres, um deputado
(trotskista e bajulado nalguns setores quando se trata de temas contra a vida),
responsáveis que foram de serviços sociais da Igreja de âmbito nacional (bem
pagos e suficientemente promovidos), sindicalistas marxisto-catolicizantes
(deambulando no seu esquerdismo neo-capitalista) , dirigentes de movimentos
anarco-cristãos (num operariado sem expressão nem trabalho), jornaleiros do
anti-religioso… à mistura (pretensos) considerados juristas ou fabricantes de
ideias, procedentes da vida médica ou mesmo (apelidados) artistas…
Segundo as pretensões é manifestado que
haja uma «investigação nacional
rigorosa, abrangente e verdadeiramente independente, com o arco temporal de 50
anos, a cargo de uma comissão de peritos constituída exclusivamente por
leigos católicos, por não crentes, por profissionais das ciências sociais e
da justiça, cuja autonomia e independência sejam absolutamente
inquestionáveis, ainda que possa, eventualmente, ser assessorada por algum
elemento do clero». Será que amam a Igreja ou pretendem afundá-la com as suas
‘verdades’ mais ou menos preconceituosas?
2. Mesmo que de forma despretensiosa parece que esta vaga de acusações
pretende ser mais dogmática do que a doutrina assim considerada, pois não
reconhecem ‘autoridade’ às comissões diocesanas, entretanto constituídas, e
querem instigar à denúncia quem tenha meros indícios. Não estaremos sob uma
‘nova inquisição’ populista, laicista – alguns daqueles 241 parecem ter
afinidades à maçonaria e a quejandos marxistas – e anti-católica primária?
Recordo aqui uma conversa particular com Catalina Pestana – antiga provedora da
Casa Pia e membro de uma comissão sobre o assunto, já falecida – quando lhe dei
a entender que poderia haver situações nalgum setor do clero, ela referiu que
lhe dissesse nomes, ao que ripostei, não posso denunciar pessoas que merecem ao
menos o benefício da dúvida e ainda sob sigilo profissional (mas não
sacramental)… investiguem e averiguem… Não encontraram ninguém!
3. Pela minha parte considero algo surrealista que, estando nós em caminho
sinodal, nos venham precisamente agora distrair com questões nem sempre tão
graves como noutros países… Pelo que vi em doze anos de seminário – entre 1969
e 1983 – e padre desde há trinta e oito anos considero que nunca por nunca
percebi essas nebulosas sombras que a tantos afligem. Talvez tenha sido
negligência da minha parte ou aquilo que pintam ultrapassa a linha do razoável.
Não haverá fantasmas que não passam de projeções das mentes e das psicologias
de tantos dos novos inquisidores? Se têm dados porque não os apresentam?
Ficariam ‘bem cotados’ na esfera dos combatentes a esta – inquestionável e
malfadada – podridão da Igreja… ontem como hoje!
4. Atribui-se ao Papa Bento XVI a frase de que muitos que saíram da Igreja
nem saíram, pois não tinham chegado a entrar… Não estarão neste rol alguns dos
241 manifestantes?
De facto, estes ‘241’ católicos quase me dão repulsa, sinto vergonha e onde
estiverem quererei estar longe, se forem atendidos ‘tout court’ mereceremos
fechar… ao menos para balanço sério, sereno e santo.
Mário Pinto, in Observador - 30 jul 2022
Francisco Vêneto - publicado em 26/07/22, in Aleteia
Pedro Vaz Patto, Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz
Senhor ministro da Educação, se não quer ficar na história como o Inquisidor da propaganda de género, desbloqueie este nó górdio por si criado pois tem no Parlamento uma maioria do seu partido.
Isabel Ricardo Pereira, In 7Margens, 6.07.2022
Jorge Bacelar Gouveia