Pe. João António Pinheiro Teixeira
A felicidade aumenta a produtividade
As Jornadas Mundiais da Juventude fizeram dizer muitos disparates, em i particular a
pessoas consideradas inteligentes. Perante um acontecimento de uma dimensão tão
excecional, alguma intelligentzia portuguesa (jornalistas, comentadores,
políticos) exprime o seu embaraço com tanto de mau humor quanto de má-fé.
Invoca-se o princípio da laicidade, denunciam-se as despesas faraónicas,
deploram-se os incómodos intoleráveis impostos à população da capital e as
ameaças que pesam sobre a ordem pública vai-se ao ponto de ridicularizar o
título do Santo Padre que (segundo uma voz autorizada de uma opinion maker,
que eu própria ouvi...) poderia igualmente convir ao Presidente da República..
Em suma desejosos de manter a cabeça fria recusamo-nos a aderir à emoção
coletiva a partilhar o entusiasmo de uma juventude vinda dos quatro cantos do mundo responder ao apelo do Papa Francisco.
É certo que cabe à razão julgar e analisar uma inteligência
que não fosse crítica faltaria ao seu dever primeiro. Desde o Século das Luzes
e dos seus filósofos, e sobretudo desde Voltaire (de que Rousseau era mais do
que inimigo), é de bom tom que os espíritos esclarecidos façam profissão de
ceticismo perante o fenómeno religioso, sobretudo quando ele se assume também
como um fenómeno de massas: três séculos volvidos, ainda aqui estamos! (bmo
podem as multidões continuar a venerar ídolos, a acreditar em milagres e na
Providência quando a democracia republicana através da escola laica gratuita e
obrigatória se esforça por propagar um humanismo sem transcendência?
Enquanto a Europa em poucas décadas, totalmente (ou quase) se
descristianizou ou pelo menos se desligou do culto e se rendeu à evidência da
supremacia definitiva da ciência e da tecnologia (sonho do cientismo), eis que
o encontro no nosso país de centenas de milhares de peregrinos dos 18 aos 30 anos vem perturbar as nossas referências:
será verdade que não caminhamos para uma emancipação cada vez mais completa
cada vez mais dominante? Aceitamos que o povo, sempre suspeito de
obscurantismo, continue obstinadamente fiel às suas velhas ilusões, mas como é
possível que todos estes jovens estrangeiros, sem dúvida adeptos de concertos
rocks e de grandes jogos de futebol, venham a Portugal festejar a sua fé, essa
mesma fé que nós, homens e mulheres de cultura e de bom- gosto, abandonámos?
Não parece haver aqui algo como um escândalo, e tanto mais perturbador quanto a
Igreja sofre sob o peso dos seus erros e dos seus pocessos?
Mas nada de novo sob o sol: as mesmas questões já se haviam
colocado na viragem do século XX, na época em que o grande autor naturalista
Emile Zola escrevia Ixmrdes, romance no qual procurava, como um sociólogo,
compreender a desconcertante psicologia das multidões religiosas. Um outro
escritor da mesma escola e da mesma época (dita Belle Epoque), J.-K. 1
luysmans, autor de Foules de Lourdes (1904) apresentava uma explicação que se
reveste de uma estranha atualidade: se "já ninguém acredita na honestidade
dos homens políticos, no valor dos generais, na independência dos magistrados,
já ninguém pensa que o clero é composto de santos", como não nos
arriscarmos então a acreditar no amor de Deus e na força coletiva dos homens de
boa vontade? Pois a boa vontade existe e estas jornadas mundiais da juventude, prova de fogo para a nossa hospitalidade,
multiplicaram os exemplos e os prodígios, em Coimbra e em todo o país. E como
disse uma jovem voluntária da flórida entrevistada no dia em que Francisco chegou
a Portugal, é cada vez mais importante hoje pensar o lugar de Cristo nas nossas
vidas,
Cristina Robalo
Cordeiro, IN Diário de Coimbra, 4.08.2023
A felicidade aumenta a produtividade
Carmen Garcia
“As ruas e as praças de Lisboa não pertencem apenas aos sindicatos e não são propriedade da extrema-esquerda. Até os Católicos se podem manifestar, porque há separação entre a Igreja e o Estado.”
Maria Susana Mexia
Alberto João Jardim
João Gonçalves, In Jornal de Notícias, 27/03/2023