Pe. João António Pinheiro Teixeira
A felicidade aumenta a produtividade
«O sofrimento
humano é uma realidade do percurso pessoal, que pode atingir formas
devastadoras, é verdade. Mas o próprio respeito devido ao sofrimento dos outros
e ao nosso deve fazer-nos considerar duas coisas: 1) que temos de recorrer aos
instrumentos médicos e paliativos ao nosso alcance para minorar a dor; 2) que
temos de reconhecer que o sofrimento é vivido de modo diferente quando é
acompanhado com amor e agrava-se quando é abandonado à solidão.»
Esta é uma
das «10 razões civis contra a eutanásia» que o cardeal José Tolentino Mendonça
enumera no seu mais recente texto publicado na “Revista” do semanário
“Expresso”.
O responsável
pela Biblioteca e Arquivo do Vaticano frisa que as sociedades «têm de se
perguntar se já fizeram tudo o que podiam fazer para promover e amparar a vida,
sobretudo daqueles que são mais frágeis».
«A vida dos
fracos vale tanto como a dos fortes. A vida dos pobres vale o mesmo que a dos
poderosos. A vida dos doentes tem um valor idêntico à vida dos saudáveis.
Passar a ideia de que há vidas que, em determinadas situações, podem valer
menos do que outras é um princípio que conflitua com os valores universais que
nos regem», observa.
Perante a
«desproteção familiar e social» que muitas pessoas experimentam quando, na
iminência da morte, deveriam sentir-se apoiados «pela presença e pelo amor dos
seus», a solução «não é avançar para medidas extremas como a eutanásia», mas
favorecer «práticas solidárias em vez de deixar correr a indiferença e o
descarte».
O primeiro
diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura salienta que «os
grandes textos civis e sagrados, médicos e filosóficos que são a matriz» da
sociedade e formam a «consciência moral» de quem a habita «recordam-no
incessantemente».
D. Tolentino
Mendonça não duvida da reta consciência das pessoas que, movidas «pelos
melhores sentimentos, veem na eutanásia um passo em frente» na civilização,
sugerindo-lhes a leitura do conto “A última noite”, de James Salter (ed. Porto
Editora).
O texto é
publicado a pouco mais de 10 dias da discussão no Parlamento de propostas de
lei do PS, Bloco de Esquerda, PAN , PEV e Iniciativa Liberal.
Para
contrapor a eventual aprovação, a 20 de fevereiro, de um destes projetos, foi
lançada por estes dias uma petição para a realização de um referendo, que conta
com as assinaturas do casal Ramalho Eanes e da ex-presidente do PSD, Manuela
Ferreira Leite, do presidente da Cáritas, Eugénio Fonseca, do
ex-bastonário da Ordem dos Médicos, Germano de Sousa, do historiador Henrique
Leitão (prémio Pessoa 2014), do antigo procurador-geral da República, José
Souto de Moura, e Walter Osswald, distinguido com o prémio Árvore da Vida-Padre
Manuel Antunes, entre outras.
«Concorda que
matar outra pessoa a seu pedido ou ajudá-la a suicidar-se deve continuar a ser
punível pela lei penal em quaisquer circunstâncias?» é a pergunta proposta para
a consulta.
A petição,
que está na internet e que vai passar por estádios de futebol, estabelecimentos
prisionais, hospitais, escolas e igrejas, somava, na tarde deste domingo, perto
de 4100 das 60 milhares de assinaturas necessárias para forçar a Assembleia da
República a lançar um referendo de iniciativa popular sobre a eutanásia.
«A entrada da
proposta suspenderá o processo legislativo em curso, e o Parlamento cumprirá o
seu dever democrático de dar tempo ao povo português para que se pronuncie
sobre uma iniciativa que viola valores da Constituição», nomeadamente quando
esta declara que «a vida humana e a integridade moral e física das pessoas são
invioláveis», assinala a presidente da Federação Portuguesa pela Vida.
Isilda Pegado
acrescenta que «os dois maiores partidos com assento na Assembleia não tomaram
posição sobre a eutanásia no último ato eleitoral, e, por isso, os deputados
não têm legitimidade moral para decidir».
A mesma
posição foi assumida pelo arcebispo de Braga, em homilia pronunciada este
sábado: «Não podemos permitir que alguns deputados queiram decidir por nós,
quando não apresentaram o assunto da eutanásia nos seus programas eleitorais».
«Este
problema não é meramente religioso. É civilizacional. A vida é inviolável.
Foram necessários muitos séculos até aceitarmos este valor fundamental, este
valor que está na base de todos os outros. Não deitemos fora uma conquista de
séculos», apelou D: Jorge Ortiga, para quem «os cuidados paliativos são a única
resposta para garantir uma morte digna».
«Neste momento concreto, não deixemos de assumir a responsabilidade de
exigir uma rede de Cuidados Continuados e Paliativos onde possa ser oferecida
uma verdadeira “terapia da dignidade”, e aceitemos, também, o dever de
expressar o que sentimos em relação à eutanásia. A morte é digna não quando é
provocada, mas quando acontece amparada por todos os cuidados técnicos e
afetivos. Amemos a vida e cuidemos da doença», vincou o prelado.
Rui
Jorge Martins
Fontes: Expresso, Público, Arquidiocese de Braga
Imagem: SoniaBonet/Bigstock.com
A felicidade aumenta a produtividade
Carmen Garcia
“As ruas e as praças de Lisboa não pertencem apenas aos sindicatos e não são propriedade da extrema-esquerda. Até os Católicos se podem manifestar, porque há separação entre a Igreja e o Estado.”
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