Espaço de culto

Foram várias as reações nas redes sociais acerca do videoclip Odete, de César Mourão.

Alheio ao assunto - tinha-me apenas interrogado sobre o porquê de uma carrinha funerária às voltas no Largo da Porta Nova, quando passava para a missa das 15.30 na Igreja do Terço - fui interpelado na sexta-feira à noite, 28 de Abril, logo início das festas das cruzes. Coincidência?

O reparo olhava o acontecimento como «o Senhor da Cruz como palco de uma fantochada».

Visionei o videoclip de imediato, porque anexado à mensagem. Juntei-me à indignação.

Dois dias depois, ao telefone fui interpelado com tom azedo por alguém que se admirava como poderia o Pri­or de Barcelos ter autorizado tais imagens no Senhor da Cruz. Deu-me a perceber a pessoa em causa que outras pessoas faziam o mesmo reparo.

Para repor a verdade, venho declarar o seguinte:

1. Nem eu fui consultado nem sei se alguém o foi para que este espaço de culto fosse «usado» para tal fim.

2. É verdade que o templo do Senhor da Cruz é um es­paço sagrado que, por lá celebrar a missa todos os dias, se tornou um espaço muito querido onde sinto gosto em todos os dias anunciar a Palavra de Deus, como capelão que sou.

3. A Real Irmandade do Senhor da Cruz é uma asso­ciação de fiéis em que a Autoridade Religiosa está pre­sente através de um Órgão de Vigilância.

4. A meu pedido, deixei de ser Órgão de Vigilância já em 2020. O que não me dispensa de cuidar que o es­paço seja respeitado.

5. Por essa razão, na saudação dirigida no início da missa solene no dia das Cruzes, afirmei: «O templo ou a devoção ao Senhor da Cruz estão profundamente enraizados na alma barcelense. E quando o espaço se desrespeita, ou dele se abusa, a alma estremece. Oxalá nunca nos falte, a todos, povo crente e autoridades, o brio e a sensatez de sabermos cuidar desta alma barcelense».

Publicado em 2023-05-07