«RESPONDER À CONFIANÇA RECEBIDA»

19 de Novembro de 2023

“A parábola dos talentos narra a história da confiança do Senhor em nós, em cada um de nós, confiança que se concretiza num dom que nos é pedido para fazer frutificar neste tempo de espera do regresso do Senhor. Muitas vezes falamos apenas da nossa fé, da nossa confiança no Senhor, esquecendo que é em primeiro lugar o Senhor a dar-nos confiança, a ter fé em nós. A nossa vida é precedida de um chamamento, é dom, mas o dom deve ser reconhecido, acolhido com gratidão e feito frutificar.

Na parábola de Mateus, o proprietário, antes de partir para uma longa viagem, deixa aos seus servos uma soma de dinheiro adequada à capacidade de cada um. Conhece bem os seus servos, conhece a possibilidade de cada um. A soma que deixa é despropositada: o ta - lento equivalia a seis mil dracmas ou dinheiros, correspondente a seis mil dias de trabalho de um operário.

«Passado muito tempo», o proprietário regressa e pede contas aos seus servos de quanto lhes confiou. Esse muito tempo alude à experiência vivida pela comunidade cristã primitiva: o Senhor está a demorar (cf. Mateus 24, 48; 25, 5). A quem pergunta, com sarcasmo, «onde está a promessa da sua vinda?», a segunda Carta de Pedro responde que o Senhor não demorará a cumprir a sua promessa, mas, se nos é dado ainda um tempo de espera, é para que todos tenhamos a possibilidade de nos converter (cf. 2 Pd 3, 3-10). É-nos dado tempo para nos interrogarmos sobre o uso que fizemos dos dons do Senhor.

Os dois primeiros servos ouvem as mesmas palavras, o mesmo convite a tomarem parte da alegria do seu senhor. Quanto ao terceiro servo, o proprietário concorda com as suas palavras, reconhece que é exigente; mas deixa cair uma palavra: a que o define como duro. Nenhuma dureza: duro é o servo que não sabe reconhecer no talento um sinal de benevolência, mas projetou o seu temor e a sua angústia na imagem que tem do proprietário. Nunca assumiu a responsabilidade que lhe era confiada; teve medo de arriscar, de jogar a sua vida.

Escrevia John Henry Newman: «Não ter medo que a vida possa acabar. Em vez disso, ter medo que nunca possa realmente começar». A falta de confiança no proprietário impede o terceiro servo de acolher com responsabilidade o dom que lhe foi dado. Não fez frutificar o que recebeu, conservou-o tal e qual como propriedade do seu senhor. É dominado pelo medo e o seu medo traduz-se num legalismo estéril, infrutuoso.

Os servos louvados pelo proprietário sabem reconhecer o dom e assumem responsavelmente a sua partida; tornam-se sujeitos, sabem trabalhar com o dom recebido; sabem receber e agora sabem responder à confiança recebida. Acreditaram na força, no poder do dom recebido mais do que na sua debilidade e fragilidade. Entram na alegria do seu proprietário; esta é a intenção do Senhor quando nos chama à vida, quando nos chama a segui-lo.

Mateus está a falar à sua comunidade, que adormeceu, que já não sabe vigiar e arrisca, como todos nós, não esperar mais nada, ou esquecer e frustrar os dons recebidos, deixando-se paralisar pelo medo”

(Ir. Lisa, in Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura).

Publicado em 2023-11-21

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