
SEMANA SANTA E GRANDE!
13 de abril de 2025
“Jesus
regressa à Galileia, a terra da sua infância, para iniciar a proclamação de
uma mensagem que sentia dentro de si como uma missão da parte de Deus Pai.
«Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo;
convertei-vos e acreditai no Evangelho». Eis a síntese da sua pregação: é o
início de um tempo novo em que é possível fazer reinar Deus na vida dos homens.
Para que isto suceda, é preciso converter-se,
voltar a Deus, e depois acreditar na boa notícia que é a presença e a palavra
do próprio Jesus. Sim, é apenas um versículo que diz esta novidade, e todavia
é o início de um tempo que chega até hoje e aqui: é possível que Deus reine em
mim, em ti, em nós, e assim acontece a vinda do Reino de Deus.
Perante esta jubilosa notícia, mas também perante
esta nova possibilidade oferecida pela presença de Jesus, estamos nós, homens e
mulheres, que continuamos hoje a escutar o Evangelho. O que fazemos? Como
reagimos?
Estamos talvez a viver o nosso dia a dia dedicados
ao trabalho, às ocupações quotidianas, quaisquer que sejam, para ganhar o
nosso sustento; ou estamos num momento de pausa; ou estamos a falar com outros…
Não há uma hora pré-estabelecida. De repente, no nosso coração, sem que os outros
se apercebam, acende-se uma chama.
«Será? Será que escuto uma voz? Conseguirei
responder “sim”? Será uma voz que me chama a partir? Para onde? A seguir quem?
Jesus? E como faço? Será possível?»
Muitas perguntas que se intersetam, desaparecem e
regressam; mas se são escutadas com atenção, pode acontecer que nelas se ouça
uma voz mais profunda em nós mesmos, uma voz que vem de fora de nós mesmos e,
todavia, através de nós mesmos: a voz de Jesus.
É assim que se inicia uma relação entre cada um de
nós e Ele, sim, Ele, o Senhor, presença invisível mas viva, presença que não
fala de maneira sonora, mas atrai…
No Evangelho o processo de vocação é sintetizado e,
por assim dizer, estilizado pelo autor, que narra só o essencial: Jesus passa,
vê e chama; alguém escuta e leva a sério a sua palavra «segue-me», e
envolve-se na sua vida.
É isto que é verdadeiro para todos, e é inútil
dizer mais: seria apenas ir atrás de processos psicológicos… Mas o essencial
está dito, de uma vez por todas: escuta-se a vocação, abandona-se as redes,
isto é, a profissão, deixa-se o pai e a barca, ou seja, a família, e assim, no
despojamento, segue-se Jesus.
Atenção, porém: a vocação é uma aventura repleta de
grandeza, mas também de miséria. Para compreendê-lo, é suficiente seguir a
vida dos primeiros quatro chamados.
O primeiro, Pedro, em quem Jesus muito confiou,
vivendo próximo dele muitas vezes nada entende dele (cf. Marcos 8, 32; Mateus
16, 22), ao ponto de Jesus o ter chamado de “Satanás” (Marcos 8, 33; Mateus
16, 23); chega a estar tão distante de Jesus que o contradiz (cf. João 13, 8);
abandona-o para ir dormir (cf. Marcos 14,37-41 e paralelos); e, por fim,
renega-o, diz que nunca o conheceu (cf. Marcos 14, 66-72 e par.; João 18,
17.25-27).
André, Tiago e João não compreendem Jesus em
muitas situações, interpretam mal as suas palavras e desconhecem o seu coração;
os dois filhos de Zebedeu, em particular, são asperamente criticados por Jesus
quando invocam um fogo do céu para punir quem não os ouviu (cf. Lucas 9,
54-55); e também eles, no Getsémani, adormecem juntamente com Pedro.
Mas há mais, e Marcos sublinha -o implacavelmente:
aqueles que «abandonando tudo seguiram Jesus», na hora da paixão, «abandonando
Jesus, fugiram todos» (14, 50)…
Pobre seguimento!
Sim, o meu seguimento, o teu seguimento, caro
leitor. Não teremos muito de que nos vangloriar. Devemos apenas invocar da
parte de Deus muita misericórdia e agradecer-lhe, porque, não obstante tudo,
continuamos ainda atrás de Jesus, e tentamos ainda, dia após dia, viver com
Ele”.
(Enzo Bianchi, in Secretariado Nacional da Pastoral da
Cultura).

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