
SEMANA SANTA E GRANDE!
13 de abril de 2025
“No início da vida pública, Jesus atravessa os
lugares onde mais fortemente pulsa a vida: o trabalho (barcos, redes, lago), a
oração e as assembleias (a sinagoga), os lugares dos sentimentos e da afetividade
(a casa de Simão).
Jesus, libertado um homem do seu espírito doente,
sai da sinagoga, e logo, como que acossado por algo, entra em casa de Simão e
André, onde «logo» (bela a urgência, a pressão dos afetos) lhe falam da sogra
com febre.
Hóspede inesperado, numa casa onde a responsável
pelo servir está doente, e o ambiente não está pronto, não foi preparado no seu
melhor, provavelmente está em desordem. Grande mestre, Jesus, que não se
preocupa com o desarranjo, com o que de impreparado existe dentro de nós, da
sujidade, do ar um tanto ou quanto fechado das nossas vidas.
E também ela, a mulher idosa, doente e febril, não
se envergonha de deixar-se ver por um estranho: Ele veio precisamente para os
doentes.
Jesus toma-a pela mão, reergue -a, “ressuscita-a”,
e aquela casa da vida bloqueada reanima-se, e a mulher, sem reservar tempo para
si, sem dizer «preciso de um instante, tenho de me arranjar, recuperar», põe-se
a servir, com o verbo dos anjos no deserto.
Estamos habituados a pensar a nossa vida espiritual
como em algo que se desenrola nos quartos bem arranjados, e nós bem vestidos e
compostos diante de Deus. Acreditamos que a realidade da vida nos outros
quartos, essa existência banal, quotidiana, acidentada, não é apropriada para
Deus. E enganamo-nos: Deus enamora-se da normalidade. Procura a nossa vida
imperfeita para tornar-se fermento e sal, e mão que volta a erguer.
Esta narrativa de um milagre humilde, não vistoso,
sem comentários da parte de Jesus, inspira-nos a acreditar que o limite humano
é o espaço de Deus, o lugar onde aterra o seu poder.
O que se segue é energia: a casa abre-se, melhor,
expande-se, torna-se grande ao ponto de poder acolher, à noite, no limiar da
porta, todos os doentes de Cafarnaum. Toda a cidade está reunida no umbral
entre a casa e a estrada, entre a casa e a praça.
Jesus, pólen de gestos e de palavras, que ama
portas abertas e tetos escancarados por onde entram olhos e estrelas, que ama o
risco da dor, do amor, do viver, cura-os. Quando ainda estava escuro, sai em
segredo e reza. Simão persegue-o, procura-o, encontra -o: «Que fazes aqui?
Desfrutemos do sucesso, Cafarnaum está aos teus pés!».
E Jesus começa a destruir as expetativas de Pedro,
as nossas ilusões: vamos para outro lugar. Um outro lugar que não sabemos;
apenas sei que não cheguei, que não posso acomodar-me; um “outro” que a cada
dia me seduz e amedronta, mas ao qual volto a confiar, diariamente, a
esperança”.
Ermes Ronchi, in SNPC.

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