«A FORÇA DO REINO ESTÁ DENTRO DE TI»

18 de Fevereiro de 2024

“1. Não devemos começar a Qua­resma com o rosto sombrio, mas com um sorriso, com aquele sorri­so que intuo no Evangelho deste primeiro domingo. Com efeito, Jesus começa com um anúncio gozoso, que da Galileia chega a todos os caminhos do mundo; parte de uma boa notícia, que está encerrada nas primeiras palavras, aquelas com que inaugura a sua primeira missão, e que são: «Está próximo o Reino de Deus.»

Como é possível levar uma boa notícia, que é para todos, a não ser com um olhar exultante de ale­gria e um sorriso aberto? Muitos vieram antes dele e depois dele como profetas, e começaram por denunciar o mal, por lamentar a queda dos valores, a maldade dos tempos... como se esse fosse o ca­minho para fazer triunfar o bem.

Jesus escolhe outro caminho: em vez de denunciar, anuncia. Não vem como um reformador religio­so ou como um contestador moralista, mas como mensageiro de uma boa notícia extraordinaria­mente prometedora. O seu anún­cio é um “sim”, e não um “não”.

É como se dissesse: queres vencer o mal, dentro e fora de ti? O mal é aquilo que faz mal ao homem, e é evocado hoje pelo relato dos quarenta dias passados por Jesus no deserto, sendo tentado por Sa­tanás. Queres vencer o mal? Não basta o teu esforço, primeiro tens de conhecer a beleza daquilo que está a acontecer, de um dom de Deus. E esse dom, eu to anuncio: o Reino de Deus está aqui.

2. O que entende Jesus por Rei­no de Deus? Deus olhou e disse “basta”; Ele vem, está aqui, luta contigo, e o coração e o mundo mudam. Deus vem e cura a vida, dá-te o seu alento, o seu sorriso, a sua vida. A todos e sem medida. E já não te deixa, se tu não o deixa­res. Deus vem para que o mundo seja completamente diferente, outro mundo onde seja possível viver bem, encontrar a plenitude da vida, a felicidade.

As primeiras palavras que Jesus pronuncia também são o seu primeiro presente: vós estais imersos num mar de amor e nem sequer vos dais conta! Por isso viveis mal. E acrescenta imediatamente: con­vertei-vos! O que significa: mudai de olhar, virai-vos para esse mar de amor, para essa luz. Imagino a conversão como o movimento do girassol, como esse obstina­do voltar-se para o sol. Porque o rosto de Deus é luminoso, e cada homem pode ser um amigo.

Interrogo-me por vezes como é possível que pessoas que tenham tido uma educação cristã se afas­tem para sempre da fé. Creio que não é difícil encontrar a resposta, pelo menos em muitos casos, que é a seguinte: não conheceram a boa notícia. Conheceram as nor­mas morais, os preceitos da Igre­ja, as práticas religiosas, mas não tiveram o encontro, não viveram o sol, o encontro com a beleza de Deus. Que fé é essa sem assombro e sem amor? Então, estes não dei­xaram a fé, mas apenas uma casca vazia, feita de comportamentos e de práticas que já não os conse­guiam motivar profundamente.

3. Prestemos atenção à primeira leitura: fala-nos de um Deus que inventa o arco-íris, esse abraço resplandecente entre o céu e a terra, um Deus inventor de comu­nhão com tudo aquilo que vive debaixo do sol e para lá do sol. Tu até podes deixar Deus, mas Ele nunca te deixará. Volta, então, a primeira pergunta: queres vencer o mal que está dentro e fora de ti? Jesus indica o caminho: não con­tes com o teu esforço, mas com a força do Reino que está dentro de ti, mansa e poderosa energia, como semente no ventre da mu­lher.

Vencer o mal contando com o bem, como faz Jesus. Escreve o padre David Turoldo: «Nós morre­mos porque adoramos coisas de nada, porque escolhemos amores de nada.» A tentação é sempre uma escolha entre dois amores, e eu venço quando escolho o amor maior. Que está aqui. Voltai-vos para a luz, porque a luz já está aqui. Acreditai nesta boa notícia que é o amor, neste bem maior que está dentro e fora de vós, e que tem a beleza de um arco-íris.

«Nómada de amor,

deixei a riqueza do palácio

por um arco-íris.

Tu escancaraste a minha vida,

és vento que sopra

e enfuna as velas,

seguir-te é coisa

de gente corajosa.

Deixei-me agarrar por ti

e, capturando-me,

libertaste-me:

agora caminho

com passo de rainha.

Como ao mergulhar em águas profundas,

primeiro tive medo,

mas agora recebi como dom de ti

um novo alento.

Centelha de eternidade,

sinto-me perto de ti,

ereta e real.

De olhos fixos no sol,

a cada aurora eu sei

que renunciar por ti

equivale a florescer»

(Marina Mar­colini) Ermes Ronchi, in SNPC.

Publicado em 2024-03-03

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