
SEMANA SANTA E GRANDE!
13 de abril de 2025
“O que
surpreende, e comove, em Jesus é ver como nele convivem e alternam, como num
passo de dança, a ternura de uma mulher enamorada e a coragem de um herói, com
toda a paixão e impetuosidade do Médio Oriente.
Jesus entra
no templo: e é como entrar no centro do tempo e do espaço. Aquilo que Jesus
vai fazer e dizer no lugar mais sagrado de Israel é de importância capital: é
o próprio Deus.
No templo,
encontra os vendedores de animais: ovelhas, bois e comerciantes são expulsos,
todos juntos, com a eloquência de gestos. Aos vendedores de pombas dirige a
palavra: a pomba era a oferta dos pobres, há como que um olhar para eles.
Lançou por
terra o dinheiro, o deus dinheiro, o ídolo erguido acima de tudo, entronizado
no templo como um rei no trono, o eterno vitelo de ouro.
Não faças da
casa do meu Pai um mercado… Pergunto-me qual é a verdadeira casa do Pai. Uma
casa de pedras? A casa de Deus somos nós se conservarmos liberdade e esperança
(cf. Hebreus 3, 6).
A palavra de
Jesus, então, chega até nós: não façais mercado da pessoa. Não compreis nem
vendais a vida, nenhuma vida, vós que comprais os pobres, os migrantes, por um
par de sandálias, ou um operário por escassos euros.
Se tiras a
liberdade, se deixas morrer a esperança, dessacralizas e profanas o
tabernáculo de Deus. E ainda; não façais mercado da fé.
Todos
colocámos na alma uma mesa de câmbios com Deus: eu dou-te orações, sacrifícios
e ofertas, Tu, em troca, asseguras-me saúde e bem-estar, para mim e para os
meus. Fé de comerciantes, que empregam com Deus a lei ordinária, decadente, da
permuta, quase como se mercenário fosse o amor de Deus.
Deus tem
entranhas de mãe: uma mãe não se pode comprar, não se tem de lhe pagar, dela
renasces a cada dia. Um pai não se tem de aplacar com ofertas ou sacrifícios,
alimentamo-nos de cada gesto e palavras suas como força de vida.
Poucos
minutos depois, os vendedores de pombas tinham já reposto as suas gaiolas, os
cambistas tinham recuperado do chão até o último cêntimo. O dinheiro foi
pesado e contado novamente, por todos abençoado: peregrinos, sacerdotes,
vendedores e mendigos. O gesto de Jesus parece não ter tido consequências
imediatas, mas é profecia em ação.
O profeta
ama a Palavra de Deus mais do que os seus resultados. O profeta é a sentinela
que vigia a fenda pela qual entram no coração esperança e liberdade.
Quem quiser
pagar o amor vai contra a sua própria natureza e trata-o com prostituta.
Quando os
profetas falavam de prostituição no templo, entendiam este culto, tão piedoso
quanto ofensivo a Deus, quando o fiel quer gerir Deus: eu dou-te orações e
sacrifícios, Tu dás-me segurança e saúde.
O amor não
se compra, não se mendiga, não se finge.
E se neste
instante Deus entrasse na minha casa, o que me pediria para lançar por terra,
entre os meus pequenos ou grandes ídolos?
Todo o
supérfluo...”.

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