«O AMOR NÃO SE COMPRA, NÃO SE MENDIGA, NÃO SE FINGE»

3 de Março de 2024

“O que surpreende, e como­ve, em Jesus é ver como nele convivem e alternam, como num passo de dança, a ternu­ra de uma mulher enamorada e a coragem de um herói, com toda a paixão e impetuosidade do Médio Oriente.

Jesus entra no templo: e é como entrar no centro do tem­po e do espaço. Aquilo que Jesus vai fazer e dizer no lugar mais sagrado de Israel é de im­portância capital: é o próprio Deus.

No templo, encontra os vende­dores de animais: ovelhas, bois e comerciantes são expulsos, todos juntos, com a eloquên­cia de gestos. Aos vendedores de pombas dirige a palavra: a pomba era a oferta dos pobres, há como que um olhar para eles.

Lançou por terra o dinheiro, o deus dinheiro, o ídolo erguido acima de tudo, entronizado no templo como um rei no trono, o eterno vitelo de ouro.

Não faças da casa do meu Pai um mercado… Pergunto-me qual é a verdadeira casa do Pai. Uma casa de pedras? A casa de Deus somos nós se conservar­mos liberdade e esperança (cf. Hebreus 3, 6).

A palavra de Jesus, então, che­ga até nós: não façais mercado da pessoa. Não compreis nem vendais a vida, nenhuma vida, vós que comprais os pobres, os migrantes, por um par de sandálias, ou um operário por escassos euros.

Se tiras a liberdade, se deixas morrer a esperança, dessacra­lizas e profanas o tabernáculo de Deus. E ainda; não façais mercado da fé.

Todos colocámos na alma uma mesa de câmbios com Deus: eu dou-te orações, sacrifícios e ofertas, Tu, em troca, asse­guras-me saúde e bem-estar, para mim e para os meus. Fé de comerciantes, que empre­gam com Deus a lei ordinária, decadente, da permuta, quase como se mercenário fosse o amor de Deus.

Deus tem entranhas de mãe: uma mãe não se pode com­prar, não se tem de lhe pagar, dela renasces a cada dia. Um pai não se tem de aplacar com ofertas ou sacrifícios, alimenta­mo-nos de cada gesto e pala­vras suas como força de vida.

Poucos minutos depois, os vendedores de pombas ti­nham já reposto as suas gaio­las, os cambistas tinham recu­perado do chão até o último cêntimo. O dinheiro foi pesado e contado novamente, por to­dos abençoado: peregrinos, sacerdotes, vendedores e mendigos. O gesto de Jesus parece não ter tido consequências imediatas, mas é profecia em ação.

O profeta ama a Palavra de Deus mais do que os seus re­sultados. O profeta é a sentine­la que vigia a fenda pela qual entram no coração esperança e liberdade.

Quem quiser pagar o amor vai contra a sua própria natureza e trata-o com prostituta.

Quando os profetas falavam de prostituição no templo, entendiam este culto, tão pie­doso quanto ofensivo a Deus, quando o fiel quer gerir Deus: eu dou-te orações e sacrifícios, Tu dás-me segurança e saúde.

O amor não se compra, não se mendiga, não se finge.

E se neste instante Deus en­trasse na minha casa, o que me pediria para lançar por terra, entre os meus pequenos ou grandes ídolos?

Todo o supérfluo...”.

(Ermes Ronchi, in SNPC).
Publicado em 2024-03-03

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