«LOUCURA DE AMOR»

10 de Março de 2024

“«Deus amou tanto o mundo» (João 3, 14-21), versículo cen­tral do Evangelho joanino, ver­sículo do assombro que renas­ce sempre por estas palavras apetitosas como o mel, tonifi­cantes como uma caminhada junto ao mar, entre salpicos de ondas e ar bom respirado a plenos pulmões. Palavras a saborear a cada dia e às quais nos agarrarmos com força em todas as passagens da vida, em cada queda, em cada noite, em casa desilusão.

Deus amou tanto… e a noite de Nicodemos, e as nossas noi­tes, iluminam-se. Aqui pode­mos renascer. A cada dia. Re­nascer para a confiança, para a esperança, para a serena paz, para a vontade de amar, tra­balhar e criar, renascer para a vontade de proteger e cultivar pessoas, talentos e criaturas, todo o pequeno jardim que Deus me confiou.

Não só o ser humano, mas é o mundo que é amado, a Ter­ra é amada, e os animais e as plantas e a criação inteira. E se Ele amou a Terra, também eu a devo amar, com os seus espaços, os seus filhos, o seu verde, as suas flores. E se Ele amou o mundo e a sua beleza frágil, então também tu ama­rás a Criação como a ti mesmo, amá-la-ás como o teu próximo: «O meu próximo é tudo o que vive» (Gandhi).

A revelação de Jesus é esta: Deus considerou o mundo, cada ser humano, este meu nada a que no entanto deu um coração, mais importante do que Ele próprio. Para me ad­quirir perdeu-se a si mesmo. Loucura de amor.

Deus amou: a beleza deste verbo no passado, para indicar não uma esperança ou uma expetativa, mas uma seguran­ça, um facto certo, e o mundo inteiro dele está impregnado: «O nosso desastre é estarmos imersos num oceano de amor e não nos damos conta» (G. Vannucci).

Toda a história bíblica começa com um «és amado» e termi­na com um «amarás» (P. Beu­champ). Não somos cristãos porque amamos Deus. Somos cristãos porque acreditamos que Deus nos ama.

Deus não enviou o Filho para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo, para que quem acredita tenha a vida. A Deus não interessa instruir processos contra nós, nem para condenar ou equilibrar as contas, e tão-pouco para nos absolver. A vida dos amados de Deus não existe à medida do tribunal, mas à medida do florescimento e do abraço, no paradigma da plenitude.

Para que o mundo seja salvo: salvar quer dizer conservar, e nada se perderá, nem um sus­piro, nem uma lágrima, nem um fio de erva; não se perde­rá nenhum generoso cansaço, nenhuma dolorosa paciência, nenhum gesto de cuidado por quanto seja pequeno e oculto.

Se pude impedir que um cora­ção se desfaça, não terei vivido em vão. Se puder aliviar a dor de uma vida ou aliviar uma pena, ou ajudar um pintarro­xo caído a voltar ao seu ninho, não terei vivido em vão (Emily Dickinson)”

(Ermes Ronchi, in Secretariado Nacional da Pasto­ral da Cultura).

Publicado em 2024-03-20

Notícias relacionadas

SEMANA SANTA E GRANDE!

13 de abril de 2025

«O TEMPO DA SALVAÇÃO É HOJE»

26 de janeiro de 2025

«FAZEI O QUE ELE VOS DIZ E SERVI A TODOS O AMOR DE DEUS»

19 de janeiro de 2025

«JESUS SEGUIU O CAMINHO QUE DEUS LHE APONTAVA»

12 de Janeiro de 2025

«OUSAR TOMAR UMA POSIÇÃO»

22 de Setembro de 2024

«OUSAR TOMAR UMA POSIÇÃO»

15 de Setembro de 2024

desenvolvido por aznegocios.pt