
SEMANA SANTA E GRANDE!
13 de abril de 2025
“O apóstolo S. Tomé é importante para a comunidade
de fé, porque as suas dúvidas conduziram a uma explicação mais aprofundada da
natureza da fé. Quantos crentes não profeririam a mesma declaração que Tomé
afirmou quando os outros discípulos lhe disseram que tinham visto Jesus
ressuscitado? Todos nós queremos provas, e a ousadia da exigência de Tomé
aponta para o coração da questão: Cristo ressuscitado era, realmente, a mesma
pessoa que o morto, crucificado, Jesus?
O Evangelho de João é o mais distante dos
acontecimentos da crucificação e das aparições após a Páscoa. João é também o
mais teológico dos Evangelhos, por isso é natural que as nossas perguntas
busquem uma resposta definitiva sobre a verdade mais central da nossa fé. Mas
uma leitura cuidadosa dos quatro Evangelhos mostra que os autores, e as
comunidades de fé para quem escreveram, preservaram um espaço de mistério em
torno de Jesus crucificado e ressuscitado. Os discípulos encontraram um Ser
divino transformado, não um cadáver ressuscitado. Reconheceram o seu amigo e
mestre, Jesus de Nazaré, mas Ele era agora o seu Senhor na glória.
A fé pascal [morte e ressurreição] requer um
movimento gracioso do Jesus da história para o Cristo em glória, o Filho de
Deus. A história de Tomé testemunha essa transição. Ele deslocou-se da busca de
provas físicas para uma teofania que o deixou de joelhos em adoração. Ele
queria “ver” com os seus olhos humanos, mas, em vez disso, a sua mente e seu
coração foram abertos a um mistério que somente os crentes podem apreender.
Todas as narrativas de aparições nos Evangelhos são mais do que comprovação de
factos; são encontros que mudam a vida com um mistério que transcende tempo e
espaço.
O grande S. Tomás
de Aquino descreveu a busca de Deus como a fé que busca o entendimento, em vez
de o entendimento em busca da fé. O dom da fé vem primeiro, porque nenhuma
percentagem de razão pode revelar a face do Cristo vivo, o Jesus crucificado e
ressuscitado como o nosso encontro pessoal com Deus. Tomé ajuda-nos a
compreender que a nossa fé é um relacionamento vivo com Jesus, e não um problema
a ser resolvido. A vida cristã não é um programa a ser dominado, mas um
mistério sem fim que nos guiará através desta vida para uma eternidade de
descoberta e alegria”
(Pat Marrin)
“Jesus aproxima-se de Tomé e mostra-lhe as suas
chagas: vê, o sofrimento que – seja ele qual for – não se apagou nem foi esquecido!
As feridas permanecem feridas. Mas aquele que «tomou sobre si as nossas
doenças» transpôs também, na obediência, as portas do inferno e da morte, e
doravante (in compreensivelmente) está aqui connosco. Mostrou-nos assim que «o
amor tudo suporta»; que «nem as águas caudalosas conseguirão apagar o fogo do
amor, nem as torrentes o podem submergir», porque «forte como a morte é o amor»
– e até mais forte do que ela.
O amor, à luz deste evento, surge como um valor que
não devemos remeter para a esfera do sentimentalismo; indica uma força – a
única força que sobrevive à própria morte e que, com as mãos trespassadas,
arromba as suas portas.
A ressurreição não é, pois, nenhum «happy-end»,
mas um convite e um desafio: não devemos e não podemos capitular perante o
fogo do sofrimento, mesmo se agora não conseguimos extingui-lo. Frente ao mal,
não podemos comportar-nos como se a última palavra houvesse de lhe pertencer.
Não tenhamos medo «de acreditar no amor», mesmo onde, segundo todos os
critérios do mundo, ele perde. Tenhamos a coragem de apostar na loucura da cruz
contra «a sabedoria deste mundo»!
Talvez Jesus, ao reacender a fé de Tomé pelo toque
nas chagas, tenha querido que ele dissesse justamente o que para mim: Onde tu
tocares no sofrimento humano– e talvez só aí! – ficas a saber que eu estou
vivo, que «Eu sou». Encontras-me por toda a parte onde os homens sofrem. Não
fujas de mim em nenhum destes encontros. Não tenhas medo! Não sejas incrédulo,
mas crê!
Deus, o Senhor da Antiga Aliança,
apareceu a Moisés na sarça-ardente; o seu Filho unigénito, nosso Senhor e Deus,
aparece no fogo do sofrimento, na cruz; e só entendemos a sua voz, quando
tomamos sobre nós a nossa cruz e estamos preparados também para carregar com o
fardo dos outros; só então as cicatrizes do mundo – as suas cicatrizes – se
tornam para nós uma interpelação”.
(Tomás Halík, in O meu Deus é um Deus ferido)

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