«CHAMADOS A ACREDITAR: JESUS ESTÁ RESSUSCITADO»

14 de Abril de 2024

“Cristo ressuscitado é delicado com os incrédulos, com aqueles que precisam de se reconciliar e com aqueles que estão tão confusos, que nem o conseguem ver.

Isto é especialmente importan­te hoje em dia, em que muitos cristãos respondem às dúvidas e à perplexidade com amea­ças e expulsão. Vejamos de que modo Cristo ressuscitado rea­ge às dúvidas. Ele chama uma pessoa pelo nome. Mostra. Ex­plica. Acolhe. Perdoa. Dessas formas tão suaves, as pessoas são convidadas a conhecer o Ressuscitado. O Ressuscitado mostra-nos que Deus se encon­tra connosco onde nós nos en­contramos. Deus compreende a diversidade de formas pelas quais os discípulos vivem a sua fé. Por isso, os Evangelhos não nos falam apenas de Deus, mas também de nós mesmos.

Estamos confusos ou por vezes chegamos até a negar Deus, como faz Pedro? Precisamos de que Deus nos fale de uma for­ma pessoal, como Maria? So­mos como Tomé, que precisa de provas concretas da atividade de Deus na sua vida? Ou somos como o Discípulo amado, que está tão unido a Jesus que, mes­mo sem provas, acredita, pura e simplesmente? Seja qual for a situação do leitor em termos de fé, Deus compreende, tal como o Ressuscitado compreendia os discípulos.

Os relatos das aparições tam­bém nos recordam que Cristo ressuscitado se pode identificar com Jesus de Nazaré; o Cristo da fé é identificável com o Jesus da história.

A ideia de que Jesus de Nazaré morreu e foi criada uma pessoa nova é uma interpretação erra­da do milagre da ressurreição. O Jesus que ressuscitou do se­pulcro sabe aquilo de que os discípulos precisam porque os conhecia. E eles agora reconhecem-no porque o conheceram durante o seu ministério públi­co. Maria reconhece a sua voz porque já a tinha ouvido antes. As aparições associam de uma forma maravilhosa Jesus de Na­zaré a Cristo Ressuscitado.

Stanley Marrow faz um resumo encantador desta ideia: «O Senhor ressuscitado tinha de ser, de forma reconhecível e identificável, Jesus de Nazaré, o ho­mem que os discípulos conhe­ciam e seguiam, viam e ouviam, com quem comiam e por causa de quem agora se refugiavam à porta fechada, por «medo dos judeus». Se Ele tivesse ressus­citado como qualquer outra pessoa que não fosse o Jesus de Nazaré que eles conheciam, privaria a ressurreição de todo o seu significado. Aquele que eles tinham confessado como seu Senhor ressuscitado é o mesmo Jesus de Nazaré que tinham conhecido e seguido. Mostrar-lhes «as suas mãos e o seu lado» com as marcas da crucifixão e o gol­pe da lança não era um gesto teatral, mas as credenciais de identificação necessárias do Se­nhor ressuscitado, que ali estava de pé, diante deles, com o Jesus de Nazaré crucificado, que eles tinham conhecido».

O Ressuscitado traz dentro de si as experiências da sua humanidade. Jesus Cristo é plenamente humano e plenamente divino. (...)

Muitas vezes, sentimo-nos in­capazes de acreditar que Deus poderia ter uma vida nova reser­vada para nós. «Nada pode mudar – costumamos dizer. – Não há esperança.» Nesses momen­tos, acabamos por ficar atolados no desespero, o que, às vezes, pode ser um reflexo de orgu­lho. Ou seja, nós pensamos que sabemos mais do que Deus, o que será uma maneira de dizer: «Deus não tem poder para mu­dar esta situação.» Que caminho escuro e perigoso é o desespe­ro, muito mais escuro do que a morte!

Quantos de nós acreditam que certas partes das nossas vidas estão mortas? Quantos acredi­tam que certas partes da nossa família, do nosso país, do nosso mundo, da nossa Igreja, não podem voltar à vida? Quantos de nós nos sentimos privados da esperança de mudança?

É nesses momentos que eu me volto para a ressurreição. Muitas vezes, volto-me para a imagem dos discípulos aterrados, escondidos atrás de portas fechadas.

Nós não somos chamados a vi­ver nessa sala. Somos chamados a sair dos nossos esconderijos e a acompanhar Maria, chorando, por vezes, sempre à procura, e, por fim, ofuscados pela madrugada da vida nova de Jesus – surpreendidos –, encantados e comovidos de alegria. Somos chamados a acreditar naquilo que ela viu: Jesus está ressusci­tado”.

(James Martin, S.J., Para uma es­piritualidade da Ressurreição, in Secretariado Nacional da Pasto­ral da Cultura).

Publicado em 2024-04-12

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