
SEMANA SANTA E GRANDE!
13 de abril de 2025
“As minhas
ovelhas escutam a minha voz. Não as ordens, a voz. A voz que atravessa as
distâncias, inconfundível; que narra uma relação, revela uma intimidade, faz
emergir em ti uma presença. A voz chega ao ouvido do coração antes das coisas
que diz. É a experiência com que o bebé, quando ouve a voz da mãe, a reconhece,
emociona-se, estende os braços e o coração para ela, e já está feliz bem antes
de chegar a compreender o significado das palavras.
A voz é o
canto amoroso do ser: «Uma voz! O meu amado! Ei-lo, chega correndo pelos
montes, saltando pelas colinas» (Cântico dos Cânticos 2,8). E ainda antes de
chegar, o amado pede o canto da amada: «Deixa-me ouvir a tua voz» (2, 14)…
Quando Maria saudou Isabel, a sua voz fez dançar o ventre: «Mal a tua saudação
chegou aos meus ouvidos, o menino sobressaltou de alegria no meu ventre» (Lc
1,44).
Entre a voz
do bom pastor e dos seus cordeiros corre esta relação confiante, amorosa,
fecunda. Com efeito, porque é que as ovelhas devem escutar a sua voz? Dois
géneros de pessoas disputam a nossa escuta: os sedutores, que nos prometem
prazeres, e os verdadeiros mestres, que dão asas e fecundidade à vida.
Jesus
responde oferecendo a maior das motivações: porque Eu dou-vos a vida eterna. Escutarei
a sua voz não por obséquio ou obediência, não por sedução ou medo, mas porque
como uma mãe, Ele faz- me viver. Eu dou-lhe a vida. O Bom Pastor coloca no
centro da religião não aquilo que eu faço por Ele, mas aquilo que Ele faz por
mim. No coração do cristianismo não é colocado o meu comportamento, ou a minha
ética, mas a ação de Deus. A vida cristã não se funda no dever, mas no dom:
vida autêntica, vida para sempre, vida de Deus derramada dentro de mim, antes
que eu faça o que quer que seja. Ainda que eu diga sim, Ele semeou gérmenes
vitais, sementes de luz que possam guiar-me a mim, desorientado na vida, à
terra da vida. A minha fé cristã é incremento, acrescento, intensificação do
humano e de coisas que merecem não morrer.
Jesus di-lo com uma imagem de luta, de combativa ternura: ninguém
arrancará as minhas ovelhas da minha mão. Uma palavra absoluta: «Ninguém». Dita
duas vezes, como se tivéssemos dúvidas: ninguém as pode arrancar da mão do
Pai. Eu sou vida indissolúvel das mãos de Deus, laço que não se rasga, nó que
não se desata. A eternidade é um lugar entre as mãos de Deus. Somos passarinhos
que temos o ninho nas suas mãos. E na sua voz, que aquece o gelo da solidão”.
(Ermes
Ronchi, in SNPC)

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