
SEMANA SANTA E GRANDE!
13 de abril de 2025
“As pessoas
podem desenvolver algumas atitudes que apresentam como valores morais:
fortaleza, sobriedade, laboriosidade e outras virtudes. Mas, para orientar
adequadamente os atos das várias virtudes morais, é necessário considerar
também a medida em que eles realizam um dinamismo de abertura e união para com
outras pessoas. Este dinamismo é a caridade, que Deus infunde.
Caso
contrário, talvez tenhamos só uma aparência de virtudes, que serão incapazes
de construir a vida em comum. Por isso, dizia São Tomás de Aquino – citando
Santo Agostinho – que a temperança duma pessoa avarenta nem sequer era
virtuosa.[69] Com outras palavras, explicava São Boaventura que as restantes
virtudes, sem a caridade, não cumprem estritamente os mandamentos «como Deus
os compreende». A estatura espiritual duma vida humana é medida pelo amor, que
constitui «o critério para a decisão definitiva sobre o valor ou a inutilidade
duma vida humana».
Todavia há
crentes que pensam que a sua grandeza está na imposição das suas ideologias
aos outros, ou na defesa violenta da verdade, ou em grandes demonstrações de
força. Todos nós, crentes, devemos reconhecer isto: em primeiro lugar está o
amor, o amor nunca deve ser colocado em risco, o maior perigo é não amar (cf.
1 Cor 13, 1-13). Procurando especificar em que consiste a experiência de amar,
que Deus torna possível com a sua graça, São Tomás de Aquino explicava-a como
um movimento que centra a atenção no outro «considerando-o como um só comigo
mesmo».
A atenção
afetiva prestada ao outro provoca uma orientação que leva a procurar o seu bem
gratuitamente. Tudo isto parte duma estima, duma apreciação que, em última
análise, é o que está por detrás da palavra «caridade»: o ser amado é «caro»
para mim, ou seja, é estimado como de grande valor. E «do amor, pelo qual uma
pessoa me agrada, depende que lhe dê algo grátis».
Sendo assim
o amor implica algo mais do que uma série de ações benéficas. As ações derivam
duma união que propende cada vez mais para o outro, considerando-o precioso,
digno, aprazível e bom, independentemente das aparências físicas ou morais. O
amor ao outro por ser quem é, impele-nos a procurar o melhor para a sua vida.
Só cultivando esta forma de nos relacionarmos é que tornaremos possível aquela
amizade social que não exclui ninguém e a fraternidade aberta a todos.
Enfim, o
amor coloca-nos em tensão para a comunhão universal. Ninguém amadurece nem
alcança a sua plenitude, isolando-se. Pela sua própria dinâmica, o amor exige
uma progressiva abertura, maior capacidade de acolher os outros, numa aventura
sem fim, que faz convergir todas as periferias rumo a um sentido pleno de
mútua pertença. Disse-nos Jesus: «Vós sois todos irmãos» (Mt 23, 8).
Esta
necessidade de ir além dos próprios limites vale também para as diferentes
regiões e países. De facto, «o número sempre crescente de ligações e
comunicações que envolvem o nosso planeta torna mais palpável a consciência da
unidade e partilha dum destino comum entre as nações da terra. Assim, nos
dinamismos da história – independentemente da diversidade das etnias, das
sociedades e das culturas –, vemos semeada a vocação a formar uma comunidade
feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros»
Há um aspeto da abertura universal do amor que não é geográfico,
mas existencial: a capacidade diária de alargar o meu círculo, chegar àqueles
que espontaneamente não sinto como parte do meu mundo de interesses, embora se
encontrem perto de mim. Por outro lado, cada irmã ou cada irmão que sofre,
abandonado ou ignorado pela minha sociedade, é um forasteiro existencial,
embora tenha nascido no mesmo país. Pode ser um cidadão com todos os documentos
em ordem, mas fazem-no sentir como um estrangeiro na sua própria terra. O
racismo é um vírus que muda facilmente e, em vez de desaparecer, dissimula-se
mas está sempre à espreita.
(Papa Francisco, Encíclica Fratelli tutti, 91 - 95

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