
SEMANA SANTA E GRANDE!
13 de abril de 2025
“No centro
do anúncio da Igreja está o exemplo do Filho de Deus, que «sendo de condição
divina se tornou semelhante a nós».
Este
movimento de descida da divindade é expressão do amor infinito de Deus que, sem
deixar de ser Deus, tornou-se homem para que o homem «recuperasse a semelhança
perdida pelo pecado».
A estratégia
divina parece ser claramente da diluição da barreira entre o sagrado e o profano,
entre o mundo e o reino de Deus (pelo menos é-nos difícil estabelecer essa
fronteira), uma estratégia válida, já que o mundo, o barro de que nos fala S.
Paulo, é de um valor incomparavelmente inferior ao tesouro que ele
transporta, mas ainda assim indispensável para que o precioso conteúdo seja
transportado.
O tesouro de
Deus é, portanto, formatado por esta matéria caduca, variável consoante a circunstância
histórica, mas não se torna refém dela.
Dito de
outro modo, no mistério da encarnação a Palavra incriada tornou-se também uma
forma, uma figura, um rosto, uma expressão humana limitada no tempo - o tempo
está em si mesmo em inexorável decomposição, é necessário como o ritmo na
música, como estrutura organizadora de uma melodia -, mas não se tornou escravo
dessa figura nem desse rosto.
É corajosa a
releitura que Jesus faz da lei que obrigava a respeitar escrupulosamente o
descanso sabático («O sábado foi feito para o homem e não o homem para o
sábado. Por isso, o Filho do homem é também Senhor do sábado»).
Lei,
variação da matéria animada por um espírito, datada de um tempo e um lugar
que, fora de contexto, uma vez absolutizada, torna-se arma de arremesso, e
não estrutura potenciadora do crescimento de um sujeito, individual ou
coletivo.
É comum a
tendência para divinizar a lei ou a linguagem própria de um tempo.
Como todos
os grupos, também na comunidade crente, por vezes, por detrás de um sorriso
sereno, mantém-se o debate aceso sobre certos temas, persiste a discussão
sobre questões morais, expressões litúrgicas, orientações disciplinares, entre
outras, que, convenhamos, foram desenhadas num contexto e continuam a
condicionar as novas formas de dizer a Boa Nova.
A verdade é
que esta linguagem tornou-se um enigma para os homens de hoje. «Não se
entende», dizem. «Estes princípios não fazem sentido», confidenciam-me. «É
impraticável esta disciplina», repetem.
Não, não
podemos dizer que é a lei de Deus que está em causa, mas uma expressão do espírito
da lei que persiste muito para além do seu prazo de validade.
«A lei de
Deus é a mesma», protestava zangada uma boa senhora, só porque a missa tinha
deixado de ser em latim.
A lei de
Deus?
O risco da
absolutização da lei é evidente: a catalogação entre os bons cristãos, os aparentemente
cumpridores, e os fracos, os de segunda categoria, os que deslizam naturalmente
para o patamar de «não praticantes», os que vivem na periferia.
O Senhor
chamou-nos amigos e não servos, isto é, escravos da lei. Procuremos ser fiéis
aos seus ensinamentos.
Amigo
significa ter a coragem e a liberdade para repensar e repor novas formas de
reconfiguração do espírito da lei, obedecendo à pedagogia divina, que
continuamente nos inspira a propor a mensagem do Mestre.
Afastarmo-nos
dos ensinamentos é um passo para o confronto com a dramática bifurcação entre
o legalismo frio e estéril e o agnosticismo prático.
Não, não nos
afastemos do espírito dos ensinamentos de Jesus” .
(Nélio Pita, CM, in Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura).

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