«COLOCAR JESUS NO CENTRO DO QUE VIVEMOS»

23 de Junho de 2024

“«Mestre, não te importas que pereçamos?» (v. 38).

Muitas vezes também nós, as­saltados pelas provações da vida, gritamos ao Senhor: “Por que permaneces em silêncio e não fazes nada por mim?”. Sobretudo quando temos a impressão de afundar, porque esvaece o amor ou o projeto em que tínhamos colocado grandes esperanças; ou quan­do estamos à mercê das ondas insistentes da ansiedade; ou quando nos sentimos esmaga­dos pelos problemas ou deso­rientados no meio do mar da vida, sem rota e sem porto. Ou ainda, nos momentos em que falta a força para ir em frente, porque não há trabalho ou um diagnóstico inesperado nos faz temer pela saúde, nossa ou de um ente querido.

Há muitos momentos em que nos sentimos numa tempesta­de, em que nos sentimos qua­se perdidos.

Nestas situações e em muitas outras, também nós nos sen­timos sufocados pelo medo e, como os discípulos, corremos o risco de perder de vista o que é mais importante.

Com efeito, no barco, embora durma, Jesus está presente, e partilha com os seus tudo o que acontece. O seu sono, se por um lado nos surpreende, por outro, põe-nos à prova. O Senhor está ali, está presente; efetivamente, espera - por as­sim dizer - que o interpelemos, que o invoquemos, que o coloquemos no centro do que vivemos. O seu sono estimula-nos a despertar. Pois para ser discípulo de Jesus, não basta acreditar que Deus está pre­sente, que existe, mas é preci­so pôr-se em jogo com Ele, é necessário levantar a voz com Ele. Escutai isto: é preciso gritar com Ele. Muitas vezes a oração é um grito: “Senhor, salva-me!”; “Senhor, salva-nos!”, e a oração torna-se um clamor!

Hoje podemos perguntar-nos: quais são os ventos que se aba­tem sobre a minha vida, quais são as ondas que impedem a minha navegação e colocam em perigo a minha vida espiri­tual, a minha vida familiar, in­clusive a minha vida psíquica?

Digamos tudo isto a Jesus, con­temos-lhe tudo. Ele deseja isto, quer que nos apeguemos a Ele para encontrar abrigo contra as ondas anómalas da vida.

O Evangelho narra que os dis­cípulos se aproximam de Jesus, que o acordam e falam com Ele (cf. v. 38). Eis o início da nossa fé: reconhecer que sozinhos não somos capazes de perma­necer à tona, que precisamos de Jesus, como os marinheiros das estrelas para encontrar a rota.

A fé começa quando acredi­tamos que não somos autos­suficientes, quando nos sen­timos necessitados de Deus. Quando vencemos a tenta­ção de nos fecharmos em nós próprios, quando superamos a falsa religiosidade que não quer incomodar Deus, quando clamamos a Ele, Ele pode fazer maravilhas em nós. É a força suave e extraordinária da ora­ção, que faz milagres.

Suplicado pelos discípulos, Je­sus acalma o vento e as ondas. E faz-lhes uma pergunta, uma interrogação que também nos diz respeito: «Por que tendes medo? Ainda não tendes fé?» (v. 40).

Os discípulos deixaram-se sur­preender pelo medo, pois ti­nham fixado mais as ondas do que Jesus. E o medo leva-nos a olhar para as dificuldades, para os problemas graves e não para o Senhor, que muitas ve­zes dorme.

Acontece o mesmo connosco: quantas vezes olhamos para os problemas, em vez de ir ter com o Senhor para depor nele as nossas preocupações!

Quantas vezes deixamos o Se­nhor num canto, no fundo do barco da vida, para o acordar apenas no momento da neces­sidade!

Hoje peçamos a graça de uma fé que não se canse de procu­rar o Senhor, de bater à porta do seu Coração.

A Virgem Maria, que na sua vida nunca deixou de confiar em Deus, volte a despertar em nós a necessidade vital de nos confiarmos a Ele todos os dias”.

(Papa Francisco, Angelus, 13.06.2021).

Publicado em 2024-06-23

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