
SEMANA SANTA E GRANDE!
13 de abril de 2025
“Tocar é o
sentido fundamental, o primeiro a manifestar-se em cada um de nós, e é também
o sentido que mais nos envolve e faz experimentar a intimidade do outro. Tocar
é sempre proximidade, reciprocidade, relação, é sempre o vibrar de todo o
corpo ao contacto com o corpo do outro.
As duas
ações de Jesus reportadas por Marcos 5, 21-43 estão unidas entre elas pelo
tocar: Jesus é tocado por uma mulher hemorroíssa e toca o cadáver de uma
criança.
Duas ações
proibidas pela Lei, e no entanto aqui colocadas em relevo como ações de libertação
e de caridade. Este tocar não é uma ação mágica, mas eminentemente humana,
humaníssima: “toco-te, logo estou contigo!”.
Enquanto
Jesus passa com a força da sua santidade no meio das pessoas, uma mulher doente
de hemorragia vaginal pensa que pode ser curada tocando apenas o seu manto, o
“tallit”, o xaile da oração.
Consegue-o,
e então, amedrontada e a tremer, na convicção de ter cometido um gesto
interdito pela Lei, um ato que torna Jesus impuro, uma vez descoberta confessa
o seu “pecado”.
Mas Jesus,
que com o seu olhar a procura entre a multidão, escutada a confissão diz-lhe
com ternura e compaixão: «Filha, a tua fé salvou-te. Vai em paz e fica curada
do teu mal».
Ele
comporta-se desta maneira não para infringir a Lei, mas porque se refere à
vontade de Deus, sem se deter no preceituário humano. E se Deus tinha descido
para libertar o seu povo no Egito, terra impura, habitada por gente impura,
também Jesus sente que pode estar entre impuros e encontrar-se com eles,
dando-lhes a libertação. Por isso Ele sentiu sair de si «uma energia» quando a
mulher o tocou, porque a sua santidade passava para aquela mulher impura.
Logo depois
Jesus é conduzido à casa do chefe da sinagoga, Jairo, onde jaz a sua filhinha
de doze anos há pouco morta. Levando consigo apenas Pedro, Tiago e João, mal
entra na casa ouve tumulto, lamentos e gritos por aquela morte; então, mandando
todos para fora do quarto, naquele silêncio toma a mão da menina e diz-lhe em aramaico.
«Talità kum», menina, Eu te digo: levanta-te!
Também aqui
a santidade de Jesus vence a impureza do cadáver, vence a possível corrupção e
comunica à criança uma força que é ressurreição, possibilidade de voltar a
pôr-se de pé e retomar a vida.
Tocar o
outro é um movimento de compaixão;
tocar o
outro é desejar com ele;
tocar o
outro é falar-lhe silenciosamente com o seu corpo, com a sua mão;
tocar o
outro é dizer-lhe: «estou aqui para ti»;
tocar o
outro é dizer-lhe: «quero-te bem»;
tocar o outro
é comunicar-lhe aquilo que sou e aceitar aquilo que ele é;
tocar o
outro é um ato de reverência, de reconhecimento, de veneração.
Da
contemplação desta página do Evangelho é-nos revelado que a nossa carne, o
nosso corpo não era indigno de Deus: por isso o Filho de Deus se fez carne, não
de modo aparente, mas de modo real e autêntico.
É a nossa
carne que se tornou a carne de Deus, e Jesus, o Filho, assumiu-a não como um
peso de que libertar-se voltando ao Pai, mas como um meio para encontrar a
humanidade, para ser nosso irmão em plena solidariedade, igual a nós em tudo
exceto no pecado.
É graças a
esta carne que Jesus pôde tocar e ser tocado, viver o sentimento da
misericórdia e da compaixão, e revelar-nos a proximidade e a ternura de Deus.
Também nós, como seus discípulos e discípulas, também a Igreja
deve “ousar a carne” e saber abraçar, tocar, curar a “carne de Cristo” nos
sofrimentos, nos doentes, nos pecadores, em todos os corpos dos homens e das
mulheres que, com gritos fortes ou mudos, invocam a salvação das suas vidas”
(Enzo Bianchi, in Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura).

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