
SEMANA SANTA E GRANDE!
13 de abril de 2025
“Jesus
provoca sempre um reflexo de defesa, que nasce de uma forma subtil de medo, o
medo de sermos postos em questão, de sairmos de nós mesmos para o seguirmos verdadeiramente.
Os seus
concidadãos estão perplexos. Porquê? Sem dúvida porque eles aceitam de bom
grado que Deus esteja lá no alto, bem longe, inacessível. Que ele venha das
suas terras. nasça numa das suas famílias, bem conhecida, eis o que não só
surpreende como inquieta.
Temos de nos
abrir à evidência da proximidade de Deus. Uma proximidade activa, que se dirige
a cada um de nós sob a forma de um apelo, o apelo da necessidade de amor dos
nossos pais, mães, irmãs, irmãos e de todos os que encontramos. Pensamos que
os conhecemos bem; na verdade, temos que nos abrir ao seu mistério. Só então veremos
neles a presença de Deus.
Começou a
ensinar
Tudo o que
Cristo faz ajuda-nos a responder a uma questão primordial: como é Deus?
Primordial porque, para nós, existir consiste em sermos semelhantes a ele.
Nesta passagem, vemos que Jesus se dirige aos outros, em cada uma das
margens, e fala-lhes. O texto diz: “ensinar”. Imitá-lo nesta situação pode
parecer-nos muito pretensioso. Digamos que ensinar significa aqui revelar-nos
a nós mesmos, fazer saber aos que encontramos quem somos e em que é que acreditamos
– a nossa verdade.
Aprendemos
que Deus é deslocamento para nós e comunicação de si. É por isso que Jesus
poderá dizer em João 14,6 que ele é a verdade. Verdade de Deus, que se revela
revelação de si mesmo. Palavra, portanto.
É por isso que
no princípio de tudo estava o Verbo. Uma palavra que é fecundidade, que faz
existir o que diz. A partir daí, podemos compreender melhor o sentido das
curas feitas por Jesus: elas dizem-nos que Deus é inimigo de tudo o que nos faz
mal, daquilo que nos destrói. Não somente a sua Palavra faz existir, mas
também faz re-existir o que foi destruído: a Ressurreição é simbolicamente
antecipada pelas narrações destas curas “miraculosas”. Ao comunicar-se a ele
mesmo, Deus comunica-nos a vida. Eis então “como Deus é”. Mas não pensemos que
não há nada a acrescentar: Deus é inesgotável e nós ainda não o vemos “tal como
é”, nem Deus nem Cristo (1 João 3,1-2).
A impotência
de Deus
Os
compatriotas de Jesus estão chocados por ver neste homem da sua terra a
manifestação do poder divino e do amor que nos funda e nos cura. Jesus também
fica chocado ao ver a falta de fé deles.
Como é que
ele pode estar surpreendido? Mas ele não sabe tudo? Pois é, parece que não:
vemo-lo a aprender, a admirar-se, a emocionar-se. Será que Deus pode aprender
alguma coisa do homem? Certamente, a começar por esta recusa, de que ele não
tem qualquer experiência.
Diante de
Jesus, somos verdadeiros companheiros, e a noção de Aliança já nos diz isso.
Aqui, vemos Jesus, visibilidade do Deus invisível, reduzido à sua impotência:
“não pôde fazer ali milagre algum”. Compreendamos que não somos autores de
nada de valioso: tudo o que é bom vem de Deus, mas só nos podemos apropriar
disso através da fé, isto é, mediante o acolhimento confiante dos dons que nos
são oferecidos e, através deles, do próprio doador.
E no
entanto, depois de nos ter dito que Jesus não pôde ali fazer nenhum milagre,
Marcos acrescenta que ele curou alguns doentes através da imposição das mãos.
A partir daí, podemos supor que a gratuidade do dom de Deus ultrapassa o nosso
acolhimento na fé. Não ser reconhecido como “Filho de Deus” não impede Jesus de
curar os homens, mesmo que ele seja considerado como um mero terapeuta. Ele
retira-se e vai percorrer “as aldeias dos arredores, ensinando”. A palavra
“ensinar” enquadra esta narrativa (versículos 2 e 6). Foi para isso que ele
veio”.
P. Marcel Domergue, SJ,
in Secretariado Nacional da Pastoral
da Cultura).

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