«FÉ: ACOLHER DEUS QUE SE OFERECE NOS SEUS DONS»

14 de Julho de 2024

“Chamou a si os doze e co­meçou a enviá-los (Marcos 6, 7-13). De cada vez que Deus te chama, põe-te em viagem. O nosso Deus ama os horizon­tes e o saibro. Dois a dois: por­que dois não é simplesmente a soma de um mais um, é o início do nós, a primeira célula da co­munidade.

Ordenou-lhes que não levas­sem mais que um cajado. Só um cajado a sustentar o can­saço e um amigo sobre o qual apoiar o coração. Nem pão, nem alforge, nem dinheiro, nem duas túnicas. Serão dia­riamente dependentes do Céu.

Vê-os avançar pelas curvas da estrada, parecem mendigos debaixo do céu de Abraão. Gente que sabe que o seu se­gredo está para além deles, «anunciadores infinitamente pequenos, porque só assim o anúncio será infinitamente grande» (G. Vannucci).

Mas se virmos melhor, pode­mos notar que além do cajado levam algo: um frasco de óleo à cintura. É uma peregrina­ção de mansidão e que cura, de corpo em corpo, de casa a casa. A missão dos discípulos é simples: são chamados a levar a vida por diante, a vida frá­gil: ungiam com óleo muitos doentes e curavam-nos.

Ocupam-se da vida, como o profeta Amós, expulsam os de­mónios, tocam os doentes e as suas mãos dizem: «Deus está aqui, está próximo de ti, com amor». Viram com Jesus como se tocam as chagas, como da dor nunca se foge, aprende­ram a arte da carícia e da pro­ximidade.

E proclamavam a conver­são: converter-se ao sonho de Deus: um mundo curado, vida sem demónios, relações que se tornem harmoniosas e felizes, um mundo de portas abertas e brechas nos muros. As suas mãos sobre os doentes pregam que Deus já está aqui. Está junto de mim com amor. Está aqui e cura a vida. Fran­cisco advertia os seus frades: pode pregar-se também com as palavras, quando não resta mais nada.

Se em algum lugar não vos acolherem e não vos escuta­rem, ide-vos embora e sacudi a poeira debaixo dos vossos pés como testemunho para eles. Jesus prepara-os também para o insucesso e para a coragem de não capitularem.

Como os profetas, que acredi­tam na Palavra de Deus mais ainda do que na sua realização: Isaías não verá a virgem dar à luz, nem Oseias verá Israel a ser conduzido de novo ao deserto do primeiro amor. Mas os pro­fetas amam a Palavra de Deus mais ainda que os seus suces­sos.

Os doze têm a mesma fé dos profetas: acreditam no Reino bem antes de o verem instau­rar-se. O ideal neles conta mais do que aquilo que dele conseguem realizar.

Belíssimo Evangelho, onde emerge uma tripla economia: da pequenez, da estrada, da profecia. Os doze vão, os mais pequenos dos mais pequenos; pela estrada que é livre, que é de todos, que nunca se detém e que te impele; vão, profetas do sonho de Deus: um mun­do totalmente curado”

(Ermes Ronchi, in Secretariado Nacio­nal da Pastoral da Cultura).

Publicado em 2024-07-15

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