
SEMANA SANTA E GRANDE!
13 de abril de 2025
“Precisamos de pessoas atentas à complexidade da
realidade em que vivemos, pessoas não superficiais, que não se contentem com
felicidades consoladoras e ilusórias. São estas pessoas que podem criar as
condições para que a porta do nosso coração se abra espontaneamente como
pétalas de flores à luz da manhã, sem necessidade de caminhos transversais e
furtivos para penetrar à força.
Pessoas que vão para além do organizar, governar o
número e a massa, interessadas em cada singular ser humano.
«Uma das verdades fundamentais do cristianismo é
que aquilo que salva é o olhar», dizia Simone Weil.
«Curá-los-ei com o amor» (Oseias 14,2-10): esta é a
lei do coração de Deus, que, conhecendo o homem melhor que nós, apesar de tudo
continua a amá-lo, sabendo que: «Não sabem o que fazem…», e que são «como
ovelhas sem pastor…».
Devemos ter o coração daqueles que habitam o mundo,
um mundo que morre de miséria e de pesadume, e a que as palavras já não
bastam: é precisa a coragem de «alguém que saia e plante a tenda do amor junto
à do ódio» (Primo Mazzolari).
Devemos avizinhar-nos das pessoas com esta extrema
sensibilidade, levando-lhes alegria, e não humilhação, a partilha, e não a
ofensa dos benfeitores, cessando de gritar contra os vícios dos outros sem suspeitar
que talvez aquele homem não consiga ser diferente.
Dois textos da Sagrada Escritura dizem-me para
permanecer humilde e aberto. Uma vez, Josué, filho de Nun, que desde a sua
juventude estava ao serviço de Moisés, vendo que o Espírito tinha pousado sobre
duas pessoas que estavam fora da sua tenda, disse: «Senhor meu, impedi-os»
(Números 11,28). Noutra ocasião, João responde a Jesus, dizendo: «Senhor, vimos
alguém que expulsava os demónios em teu nome, e proibimo-lo, porque não era dos
nossos». Josué e João, precisamente eles, os mais próximos, tão fechados e
egoístas como por vezes nós, da Igreja, que em vez de escutar o grito do homem,
controlamos os documentos e fixamos as regras.
As pessoas procuram Deus na sua tribulação, choram,
pedem ajuda, pedem felicidade e pão, salvação da doença, da culpa, da morte.
Assim fazem todos, cristãos e pagãos, e Deus avizinha-se de todos os homens na
sua tribulação, morre pelos cristãos e pelos pagãos e a todos perdoa.
O que torna mau o homem?
Para compreender o problema do mal, devem
considerar-se as pessoas como tendo sido intrujadas, vítimas de uma sedução
que lhes faz acreditar que só assim podem ser felizes.Não por acaso, «a serpente
era o mais astuto de tudo aquilo que tinha feito» (Génesis 3,1).
A Jesus vão os desesperados que, próximo a Ele,
pensam poder reencontrar o chão debaixo dos pés. No meio, entre os
desesperados e Jesus, estão os habituais justos que nunca negligenciam uma
regra. Nesta dissidência entre direito e desprezo, entre devoção e miséria,
Jesus desejaria explicar a uma parte os sentimentos da outra. Quando
compreenderemos que aqueles que nós chamamos pecadores são sofredores, e que
quem cai em desgraça não tem pai nem mãe?
«Não considereis a bondade uma pequena virtude»,
dizia o papa João.Diante do homem disperso de hoje é-nos pedido para fazer o
que Isaías diz: «Consolai, consolai…», e além de consolar, «falar ao coração»,
e depois de ter falado ao coração, «gritai» aos ouvidos que não foi feito para
a mediocridade, e ainda mais, depois de ter gritado «preparai-lhe o caminho no
deserto».
Não sabemos dar muitos passos para conduzir uma
pessoa por um caminho espiritual profundo, talvez porque este caminho nem sequer
um de nós o está a fazer.
É-nos pedido ir à procura da ovelha perdida.
É-nos pedido de levar a vida por diante:
«Onde há ódio, eu leve amor…
onde há ofensa, o perdão…
onde há desespero, a alegria…».
É-nos pedido que não confundamos, também nós como
os escribas e os fariseus, o pecado com o pecador. As pessoas não são pecado,
as pessoas são medíocres, talvez fracas, não conseguem ser boas, mas não são
pecado.
Acreditemos n’Aquele que tem a força de transformar
um pecador em justo, um pescador em apóstolo, um cobrador de impostos em
anunciador do Evangelho, um paralítico em alguém que o segue.
É-nos pedido para acompanhar as vicissitudes
espirituais e psíquicas de qualquer um nosso companheiro de peregrinação, de
partir o pão da fraternidade com todos, com as mesmas palavras de Jesus: «Tomai
e comei todos… este é o meu corpo, oferecido por vós e por todos».
Sim, precisamente para todos, conscientes que a
mansidão e a misericórdia são as únicas virtudes que ampliaram os limites de
cada comunidade” .
(Luigi Verdi, Rumo
ao amor 4, in Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura)

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