
SEMANA SANTA E GRANDE!
13 de abril de 2025
“A oração de Jesus parte de um pedido
urgente, que muito se assemelha à imploração de um mendigo: «Dá-nos o pão de
cada dia!».
Esta oração provém de uma evidência que
muitas vezes esquecemos, isto é, de que não somos criaturas autossuficientes,
e que todos os dias precisamos de nos alimentar.
As Escrituras mostram-nos que para muita
gente o encontro com Jesus realizou-se a partir de um pedido. Jesus não pede
invocações apuradas; aliás, toda a existência humana, com os seus problemas
mais concretos e diários, pode tornar-se oração.
Nos Evangelhos encontramos uma multidão
de mendigos que suplicam libertação e salvação. Quem pede o pão, a cura;
alguns a purificação, outros a vista; ou que uma pessoa querida possa voltar a
viver… Jesus nunca passa indiferente junto a estes pedidos e a estas dores.
Por isso, Jesus ensina-nos a pedir ao Pai
o pão de cada dia. Ensina-nos a fazê-lo unidos a muitos homens e mulheres para
os quais esta oração é um grito – muitas vezes contido dentro – que acompanha a
ânsia de cada dia.
Quantas mães e quantos pais, ainda hoje,
vão dormir com o tormento de não terem no dia seguinte pão suficiente para os
seus filhos. Imaginemos esta oração recitada não na segurança de um cómodo
apartamento, mas na precariedade de um quarto a que é preciso conformar-se,
onde falta o necessário para viver.
As palavras de Jesus assumem uma força
nova. A oração cristã começa deste nível. Não é um exercício para ascetas;
parte da realidade, do coração e da carne de pessoas que vivem na necessidade,
ou que partilham a condição de quem não tem o necessário para viver.
Nem sequer os mais altos místicos
cristãos podem prescindir da simplicidade deste pedido. «Pai, faz com que
para nós e para todos, haja hoje o pão necessário.» E «pão» significa também
água, saúde, casa, trabalho.
O pão que o cristão pede na oração não é
o “meu” (atenção, não é o “meu”), mas o “nosso”. Assim quer Jesus. Ensina-nos a
pedi-lo não só para si próprio, mas para toda a fraternidade do mundo. Se não
se ora desta maneira, o Pai-nosso deixa de ser uma oração cristã.
Se Deus é Pai nosso, como podemos
apresentar-nos a Ele sem lhe agarrarmos a mão? E se o pão que Ele nos dá o roubamos
entre nós, como podemos dizer-nos seus filhos? Esta oração contém uma atitude
de empatia e de solidariedade. Na minha fome sinto a fome das multidões, e
então rezarei a Deus até que o seu pedido seja atendido.
Assim Jesus educa a sua comunidade, a
Igreja, a levar a Deus as necessidades de todos: «Somos todos teus filhos, ó
Pai, tem piedade de nós». Agora far-nos-á bem pensar nas crianças com fome,
como as do Iémen, da Síria, do Sudão do Sul, e tantos outros países, onde não
há pão. (…)
O pão que pedimos ao Senhor na oração é o
mesmo que um dia nos acusará. Reprovar-nos-á o pouco hábito que temos em
parti-lo com quem nos é próximo, a partilhá-lo. Era um pão oferecido para a
humanidade, e em vez disso foi comido só por alguns; o amor não pode suportar
isto. (…)
Uma vez havia uma grande multidão diante
de Jesus; era gente que tinha fome. Jesus perguntou se alguém tinha alguma
coisa, e só se encontrou uma criança disposta a partilhar a sua reserva: cinco
pães e dois peixes. Jesus multiplicou aquele gesto generoso. Aquela criança
tinha compreendido a lição do Pai-nosso: que o alimento não é propriedade privada
(…), mas providência a partilhar, com a graça de Deus.
O verdadeiro milagre realizado por Jesus
naquele dia é a partilha. Ele próprio, multiplicando aquele pão oferecido,
antecipou a oferta de si no Pão eucarístico. Com efeito, só a Eucaristia é
capaz de saciar a fome de infinito e o desejo de Deus que anima cada ser
humano, também na procura do pão de cada dia”.
Papa Francisco.

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