«OUSAR TOMAR UMA POSIÇÃO»

15 de Setembro de 2024

“Tornar-se cristão, hoje como ontem, é em primeiro lugar tornar-se discípulo de Jesus.

Um discípulo caminha no se­guimento de um Mestre, assu­me as suas opções e tenta vi­ver, com outros, um estilo de vida inspirado nelas.

Tornar-se discípulo é uma es­colha pessoal que conduz ao distanciamento da multidão. Nos nossos meios há diversas maneiras de ver Jesus.

A cultura actual, com a acção exercida pela comunicação social, acentua esta pluralida­de de olhares mas sempre com a construção de consensos, de visões partilhadas e domi­nantes que convidam a uma conformação com essas ten­dências.

Ser discípulo é romper com essa resignação, não se ficar pelas ideias que circulam e ousar tomar uma posição. É o que faz Pedro em nome dos discípulos, ao proclamar que Jesus não é apenas mais um profeta, como diz a multidão, mas que ele é o Cristo, o Mes­sias de Deus.

Mas ainda não chega. O dis­cípulo é convidado a aprofun­dar a identidade d’Aquele que segue. E o carácter messiânico de Jesus não se conforma com os modelos correntes. Ele é diferente e desconcertante, re­velando-se no mistério pascal, caminho de dom e de serviço, e não de poder e de glória.

Seguir este Messias implica por isso comprometer-se em formas de pensar e viver que podem estar contra a corrente da sociedade. A preocupação com os mais pobres, o per­dão, a generosidade, a recusa da força e das suas estratégias fazem parte do caminho do seguimento.

Nos preceitos que se seguem à profissão de fé de Pedro e às explicações de Jesus, são sub­linhados traços particulares do discípulo que se inscrevem directamente no seguimento das escolhas e da identidade de Jesus.

Renunciar a si mesmo, tomar a sua cruz, perder a vida: estes apelos são demasiado pertur­badores. Pode-se até pergun­tar se faz sentido viver assim. Não são eles o contrário da nossa dinâmica natural, do nosso apego a uma vida feliz?

Importa antes de mais evitar as interpretações pungentes e estreitamente moralizadoras que circularam com frequên­cia. Na linha da vida de Jesus, onde estes preceitos se inspi­ram, o primeiro desafio é o do risco e do descentramento de si.

No século I, a cruz não é um objecto devocional, uma jóia decorativa ou sinal de peque­nos sacrifícios a fazer para agradar a uma divindade bi­zarra. Ela evoca a rejeição so­cial e o risco de morrer. Ela indica aos discípulos que a sua escolha lhes pode valer perder a sua boa reputação e conduzi­-los a dar a vida pelo Evange­lho. O que é visível ainda hoje através de todos os mártires que se atreveram no compro­misso pela paz, pela justiça, pelo amor, e que pagaram o preço dessa ousadia, como Je­sus.

Este compromisso arriscado vive-se a “cada dia”, expressão que encontramos no Pai-nos­so, em Lucas, para o pedido do pão. A renúncia de si é conse­quência deste risco.

Na nossa cultura, onde a ob­sessão de si reclama muito espaço, o mesmo acontecen­do com a preocupação pela segurança, este princípio sur­preende, convidando a ver a existência de outra forma.

O que é que conta numa vida? Encontra-se mais alegria no dar do que no guardar-se, diz-nos Jesus. Uma vida centrada em si mesmo leva à perda do gosto de viver e da alegria que a acompanha.

Uma abertura a alguém maior que si, um serviço atento às necessidades dos outros, com os seus imprevistos e insegu­ranças, estilhaçam os muros e fronteiras que nos fecham na banalidade ou na insignificân­cia e são fontes de uma vida em abundância”.

(Daniel Cadrin, in Secreta­riado Nacional da Pastoral da Cultura). 

Publicado em 2024-09-16

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