
SEMANA SANTA E GRANDE!
13 de abril de 2025
Jesus acaba de anunciar que será entregue
às mãos dos homens e que será morto e crucificado como um malfeitor, como um
homem de quem é preciso desembaraçar-se para o bem de todos.
O evangelista acrescenta que os seus
discípulos não compreendem estas palavras. Se eles têm medo de o interrogar, é
sem dúvida porque temem a resposta. Estão de tal maneira nos antípodas do que
Jesus lhes disse, que discutem qual é o maior entre eles. Não se trata de saber
quem é o melhor, o que já seria bastante pretensioso, mas quem é o primeiro.
Não é a mesma coisa!
Manifestação típica da ambição. Mesmo
aqueles que deixaram tudo para seguir Jesus, hoje como ontem, poderão ser
vítimas deste “demónio”. Sobrevalorizar-se, ultrapassar os outros, ocupar o
primeiro lugar, num aspecto em particular ou em todas as coisas. No fundo, essa
atitude provém da necessidade de estar certo do seu valor, do medo do seu
próprio vazio, do temor de não estar à altura.
É portanto a fé que está em causa. Fé na
vida, que é uma forma obscura da fé em Deus. A ambição – é disso que se trata –
introduz facilmente a violência em toda a competição. Não esqueçamos que
Génesis 3 apresenta o pecado do homem como ambição de se tornar “como Deus”;
que o primeiro homicídio, de Abel por Caim, é atribuído aos ciúmes; e em Marcos
15,10, Pilatos compreende que é por inveja que os sumos sacerdotes querem a
morte de Jesus.
O
desejo fundamental
A segunda leitura deste Domingo descreve
a perversão da ambição em termos vigorosos. Tiago observou bem que os conflitos
exteriores vêm de um conflito interior. A nossa ambição pelo primeiro lugar
deixa-nos sozinhos connosco próprios: os outros, com efeito, tornam-se simples
instrumentos a utilizar na nossa elevação.
Fechados no círculo do culto do eu,
deixámos de saber que só poderemos ser verdadeiramente nós próprios através da
aliança com os outros. Uma aliança no sentido mais profundo do termo, que nos
faz sair das prisões íntimas para nos fazer entrar na semelhança de Deus, que
só é Um através do Pai, do Filho e do Espírito, e que se revela como aquele que
se dá para que todos tenham vida.
No anúncio da Paixão, Jesus vai
entregar-se às nossas cobiças (a “inveja” de Mateus e de Marcos). Nessa altura,
ele será “o último de todos” e far-se-á “servidor de todos”, como diz na nossa
leitura. É para essa meta que nos deve levar o desejo profundo, a nossa
“ambição”, o projecto da nossa existência.
Com efeito, não há outro itinerário que
nos construa à imagem de Deus, isto é, que nos faça ser. É este o preço “do caminho,
da verdade e da vida”. Será que imaginamos ser possível manter a vida
tornando-nos diferentes do Filho, separando-nos da “imagem do Deus invisível”?
Como
uma criança
Eis-nos convidados a voltar sem cessar ao
nosso começo, a esse estado onde nada podemos, senão acolher o que vem, o futuro
imprevisível. O tempo é, por conseguinte, de abertura absoluta. É verdade que,
desde já, a ambição pode contaminar o desejo, e o joio pode crescer misturado
no trigo. Não podemos confundir infância e inocência. A criança é o ser humano
enquanto abertura; inacabado, acolhe o que chega. A vida diante de si. A
confiança no futuro passa pela fé e pela abertura aos seus pais e às pessoas
que a rodeiam. A criança é, em primeiro lugar, filho ou filha de um homem e de
uma mulher, que foram o caminho da acção criadora de Deus.
Mas nesta passagem, Jesus, segundo
Marcos, não fala da necessidade de regressar à abertura e à confiança da
infância: ele convida-nos a receber em seu nome o mais pobre, o mais carecido,
aquele que não tem nada e que não pode contar se - não com os outros. Acolher
essas pessoas é acolher a ele mesmo e, portanto, o próprio Deus.
Deus, que se manifestou através da vida
de Cristo, ofereceu-se nas nossas mãos. Diante de nós, fez-se nosso filho.
Entrega-se ao nosso cuidado, e nós temos o poder de o aceitar ou de o recusar”
(P. Marcel Domergue, SJ, in
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura).
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