ECOS DA VISITA DA IMAGEM PEREGRINA

12 e 13 de Junho de 2015 (Em actualização)

Espera-se que as grandes memórias se conservem pela vida no coração de cada um. O acontecimento em si foi extraordinário e marcante. Nos agradecimentos expressos na semana passada omiti a participação numerosa e serviçal dos escuteiros do concelho, injustiça agora reposta. Também o grupo coral que animou em S. João de Deus foi o de Vila Frescainha S. Pedro e não S. Martinho. E ao nome de Hugo Fernandes deveria ter acrescentado Fonte.

Entretanto, partilhamos ecos:

 

Peregrina Virgem Maria

Que deixaste a Cova da Iria

Vieste até Barcelos

Tua terra, Santa Maria.

 

Um mar de gente Te esperava

E mais de mil velas Te iluminou

Com cânticos e flores

O povo de Barcelos Te louvou.

 

Nas ruas e avenidas não faltava gente enfeitada

Para Te receber ó Mãe

Pois eras por todos nós

Há muito tempo esperada.

 

Noite e dia sem parar

Cantaram, rezaram, choraram

E a teus pés ó Virgem Santa

Os fiéis teu rosto admiraram.

 

Ó Virgem Peregrina

Mãe do meu Senhor

Escuta teus filhos

Ouve o seu clamor.

 

Teu olhar triste mas sereno

Nos transmitia teu amor

Virgem carinhosa

Mãe do Salvador.

 

Teu rosto materno

Nos irradiava muita luz

Diz-nos que a pureza

Ao céu nos conduz.

 

O Teu rosto puro

D’encanto e doçura

Eleva-nos a Deus

Ó Mãe de ternura

 

Teu rosário é branco

E também o teu véu

Tuas mãos estão em prece

Dizem-nos: rezai e tereis o céu.

 

O dia 12 e 13 de Junho de 2015 para todos

Ficará na memória marcado

Apesar da muita chuva

Ninguém quis ficar de ti afastado

 

Adeus Virgem Peregrina

A Tua visita jamais será esquecida

As gentes do concelho de Barcelos

Te ficarão para sempre agradecidas.

 

Não nos deixes Mãe querida

Sem a Tua bênção maternal

Cobre-nos com o Teu Santo manto

Livra-nos de todo o mal.

 

E na hora da despedida

Muitos lenços brancos acenaram

Entre o toque dos sinos da Matriz

e sirene dos bombeiros

Nos olhos dos Barcelenses, as lágrimas brotaram.

 

E muito baixinho

Bem dentro do peito, cada pessoa,

Tenho a certeza, dizia:

Adeus Peregrina, adeus Mãe, até qualquer dia.

 

Maria Teresa Simões Costa, Lijó


Acabada de chegar dum tratamento de radioterapia que me causou cansaço, disse ao meu marido: «neste momento, não me sinto capaz de sair, mas eu tenho de ver Nossa Senhora de Fátima. Por favor, leva-me à noite a Barcelos e eu nem saio do carro. Basta-me vê-La». E assim aconteceu, só que a ansiedade de A ver e saudar mais de perto, fez-me esquecer o mal-estar e abandonei a viatura assim que a estacionámos. Com uma estranha energia, depressa me dirigi para S. João de Deus onde a população se juntava, e era muita, na ansiedade também de ver passar a Senhora e quiçá dirigir-lhe uma qualquer súplica movida pela fé e a esperança.

Passando pelo meio de toda aquela multidão, decidi dirigir-me à “rotunda da bolacha”, na ânsia de A ver chegar e A acolher, imaginando como seria a Sua triunfal aparição. E, de facto, emocionei- me quando ouvi e vi os motards, os ciclistas e os automóveis que “guardavam” a Virgem de Fátima. Quando passou juntou de mim, lancei-lhe um grito mudo, suplicante, confiante de que seria ouvida e atendida. Ao meu lado, uma senhora ajoelhou-se à Sua passagem, estendendo os braços, no meio da estrada, indiferente ao trânsito; só ela e a sua fé.

Corri para a Igreja do Sr. da Cruz e pelo caminho fui admirando os tapetes de flores e respirando toda aquela envolvência, misturando-me com a multidão que não parava de chegar. Tal como nos falava o Evangelho deste domingo, “estávamos todos no mesmo barco” e com o mesmo objetivo: inebriarmo-nos com a presença de Nossa Senhora. Ela veio até nós e nós quisemos estar com Ela.

Assisti a coros entoando cânticos de louvor: “Salvé Rainha, ora por nós ó Maria”. Parecia que Fátima se tinha deslocado a Barcelos e nós soubemos receber a Mãe de Jesus com toda a dignidade e todo o coração. Capas de estudantes estendidas pelo chão, serviam de tapete à passagem da nossa Mãe do Céu; as ruas da cidade engalanaram-se, vestindo de colchas, luzes e de flores, as varandas e janelas das casas por onde passava a procissão.

Dei um salto até à Matriz e de novo admirei mais um tapete e todos os enfeites executados por mãos que não cederam ao cansaço e se empenharam em embelezar o espaço.

Era já tarde. Precisava de me recolher, mas o meu coração ficou ali, preso a Maria, aos momentos vividos intensamente, enquanto uma sensação de paz me envolvia.

Barcelos, 23 de Junho de 2015

Manuela Basto Pinheiro


Não existem palavras para descrever o que senti no momento em que levamos a Nossa Senhora de Fátima no Andor.

Foi uma alegria enorme e só de pensar as lágrimas escorrem pela minha cara de tanta emoção, foi um momento único que vai ficar guardado para toda a minha vida. Obrigada.

Barcelos, 13/6/2015

Sandra Manuela Martinho


Nunca vou esquecer a oportunidade que me deram…

É uma sensação arrepiante por um lado, mas tranquila por outro, pois senti-me privilegiada por tal feito.

Quando estava no meio daquela imensidão de gente na Rua Direita, a escassos metros de pegar no andor da Nossa Senhora de Fátima “Peregrina”, senti a paz que durante o tempo de espera me invadiu.

Sem me aperceber, de tanta que era a emoção, as lágrimas corriam em meu rosto.

Estava receosa de não aguentar, quando soube o peso do andor.... que era de 300kg.

E assim comecei a minha lenta caminhada onde esqueci por completo o peso no ombro.

Mas confiante, porque sabia que minha MÃE mais uma vez não me abandonaria.

Nessa altura senti um  orgulho, devoção, fé e uma imensa emoção por este grande momento que tive a sorte de poder viver.

E por isso o meu muito obrigado a todos, que tornaram isso possível em especial a uma amiga que, se ela não me tivesse convidado, jamais viveria esta experiência. Obrigada Gila.

Barcelos, 29 de Junho de 2015

Ana Carvalho


IMPRESSÕES DA "VISITAÇÃO" A BARCELOS

Ouvi dizer a alguém – um dos jovens que pegaram o andor na Procissão de Velas – que "ela é muito pesada". "Ela" – a imagem. E, contudo, foi a sua pequenez o que à chegada ao recinto da Casa de Saúde de S. João de Deus mais me impressionou. Assim de imediato, quero dizer. Como que a sugerir que também na vida as coisas são por vezes assim – mesmo as pequenas têm o seu peso. O peso da fragilidade.

Sabes, leitor, é talvez por isso que tantas e tantas vezes projectei interiormente uma Nossa Senhora diferente. Uma Nossa Senhora… velhinha. Então não reza a tradição que, depois de entregue pelo seu Filho a João (e ao apóstolo como Mãe), Maria terá vivido longa vida? Faz sentido. Para mim faz. Por que é que há-de ser invariavelmente retratada como uma menina ou adolescente? Acaso não pode ser uma velhinha tornada jovem pelo seu desprendimento – aquele que só as rugas ensinam? Havia de ser Nossa Senhora menos perfeita se representada como "sénior"?

Avancemos: Fátima veio a Barcelos com os seus anjos e os seus santos (os beatos pastorinhos). Por um dia, foi como se o Santuário tivesse viajado – altar do mundo ambulante; como itinerante foi o ministério de Jesus. Ousaríamos dizer que não se tratou de uma visita mas de uma "visitação". Aquela que um dia correu ligeira sobre os montes (segundo o belo poema de D. António Couto) veio para nos interpelar. Se a fé não põe as pessoas a mexer não é fé. Será "fezada", mas não mais do que isso. Neste sentido, procissões e peregrinações cumprem a função de ser uma parábola da caminhada interior do cristão. E tantas vezes do seu êxodo pessoal, da sua saída de si.

Longa se tornava a espera quando ela chegou, luminosa como uma manhã que rasga o breu. Ninguém arredou pé. Pelo contrário, mais e mais almas se juntavam. Nos passeios, na rua, nas varandas das casas. Ocupando todos os centímetros de espaço disponíveis. E era vê-la, a gigantesca mole humana, quando a procissão tomou a marcha. Era a perder de vista, como o horizonte para o qual Maria nos aponta – ela que não é nem quer ser caminho de chegada mas de partida. Eterno regresso à casa de partida. Estamos sempre a partir. Sempre. Sempre a começar.

Três horas de procissão. Excessivas, a meu ver, as paragens. Faz sentido que o mundo (os mundos) se queiram associar, saudando a Senhora do Sim. Mas para amigos(as) não se ensaiam discursos. Muito menos daquele tamanho. Quando muito Maria pede palavras simples e breves. Diria que a certa altura a vi bocejar. Não tenhais medo: a Senhora não se cansa de caminhar!

No dia seguinte, "estacionada" na Matriz, foi para ela que os olhares uma vez mais convergiram. Muitos davam a volta à capela-mor para tocar (n)a imagem – gesto que traduz mais uma esperança de magia do que uma fé autenticamente devota. Não há nada a fazer? O anúncio da fé a que nos convida o próximo Ano Pastoral será ocasião propícia para, juntos, reflectirmos sobre a vivência da fé e a necessária evangelização da piedade popular; que é muito necessária (não tem deixado de o repetir o Papa Francisco) mas reclama uma purificação das consciências, para lá da emotividade dos olá e dos adeus.

"E Maria foi-se embora pelo carreiro que não levava a sítio nenhum, como mulher a quem pouco importa que os caminhos acabem, pois conhece a maneira de andar no céu" (Marguerite Yourcenar, "Nossa Senhora das Andorinhas").

Pe. Miguel Miranda


Levo-te na fé

nos meus olhos molhados

nestes braços

há muito cansados

Levo-te ao peito

nesta voz desafogada

levo-te minha mãe

ó mãe tão amada

Levo-te ao colo

no coração desafinado

este que te carrega

coração abençoado

Ó mãe!

Perdoa-me o desassossego

desta alma que vai nua

levando-te pela mão

passeando-te pela rua

Desalento que se veste

de branco na saudade

carregando o teu manto

Ó mãe!

Que felicidade!

Barcelos, 13 de Junho de 2015

Isabel Carneiro Bastos


Acordei nesse dia, com o meu coração quase cheio. E digo "quase" porque sabia, perfeitamente, que iria explodir uma panóplia de sentimentos em mim e teria que a alojar no meu coração.

À medida que se aproximava a hora, eu perguntava ao tempo quanto tempo o tempo tinha. E, expectante, ele respondia-me que o tempo não era um entrave à fé e dizia-me para eu esperar.

Chegou a hora. Quando vi a Nossa Senhora de Fátima "Peregrina" a chegar à Rua Direita, onde a esperava com a alma de mão dada ao coração, fiquei cega com todo o seu esplendor. Um manto de paz e, ao mesmo tempo, de alegria, desceu em mim.

Aquele momento era meu, muito meu, único. E nisto, a Nossa Senhora de Fátima já tinha dado lugar à minha Mãe!... A cada passo que dava pensava nos meus pais, sempre devotos, e em como estariam eles contentes ao ver-me ali, segurando nos ombros tal (an)dor.

Com a emoção sempre patente, não consigo equacionar a gratidão que senti durante todo o trajeto. Crescida e vivida na Rua Direita, com os meus pais, durante muitos anos, este foi dos episódios mais marcantes de toda a minha vida. Atualmente vivendo na Rua Direita, de novo, ficará para sempre na minha memória a visita de Nossa Senhora de Fátima à minha terra, à minha rua, à minha casa e ao meu coração.

Barcelos, 13 de Junho de 2015

Gila Sousa Rocha

Publicado em 2015-07-01

Notícias relacionadas

Reabilitação da Igreja Matriz

Barcelos vê aprovada candidatura ao NORTE 2030 para reabilitação da Igreja Matriz e do Paço dos Duques

ACORDO DE COLABORAÇÃO

Paróquia de Santa Maria Maior com o Município e Barcelos

Procissão do Senhor dos Passos

2025

Nossa Senhora da Franqueira

3 a 10 de agosto de 2024

FESTA DAS CRUZES 2024

30 de abril a 5 de maio

Igreja Matriz - Sagrado Lausperene Arciprestal - 24 horas

9 e 10 de Abril de 2024

desenvolvido por aznegocios.pt